quinta-feira, 17 de maio de 2018

Japão encontra ‘terras raras’ suficientes para suprir demanda global



Pesquisadores japoneses encontraram toneladas de metais valiosos, denominados “terras raras”, no fundo do mar perto da Ilha de Minamitorishima, localizada no Oceano Pacífico e pertencente ao território japonês. Ao todo, foram descobertos uma concentração de aproximadamente dezesseis milhões de toneladas desse precioso material, cuja classificação pertence à minerais de terras raras, matéria-prima essencial para a fabricação de baterias de smartphones e de veículos movidos à eletricidade.
A descoberta, realizada por pesquisadores de universidades e centros de pesquisa de Tóquio, está documentada em estudo publicado no periódico científico Nature. Segundo os autores do estudo, a quantidade de matéria encontrada é o suficiente para fornecer esses metais para todo o mundo por muito tempo.
O título “terras-raras” é uma referência à sua composição, que pode conter um ou mais dos 17 metais de terras raras, localizados na penúltima linha da tabela periódica, ao lado esquerdo. Esses elementos são abundantes na crosta terrestre, porém, na maior parte das vezes, estão dispersos, e não agrupados, o que torna difícil a extração. Atualmente, há poucas áreas viáveis economicamente onde possam ser minerados – ação que, na maior parte das vezes, custa caro.
A China é um dos países que mais detém esses minerais e que abastece o restante do mundo – inclusive para o Japão, seu vizinho, e um dos maiores produtores de eletrônicos do globo. É por isso que esses minerais encontrados na Ilha de Minamitorishima podem alterar as atuais relações econômicas globais.
De acordo com os autores do estudo, há minerais suficiente para atender a demanda global. Por exemplo, há ítrio para cerca de 780 anos, disprósio para 730 anos, európio para 620 anos e térbio para 420 anos.
Terras raras
Terras raras são chamadas por alguns de “o ouro do século XXI” devido a sua raridade e valor econômico. Eles são formados a partir da atividade de vulcões e acredita-se que também tenham surgido a partir de explosões de supernova antes de a Terra ser originada. Após o Big Bang, quando a Terra foi formada, os minerais foram incorporados às mais profundas porções do manto terrestre, uma camada de rocha que fica abaixo da crosta.
De acordo com a classificação da IUPAC, terras raras são um grupo relativamente abundante de 17 elementos químicos, dos quais 15 pertencem na tabela periódica dos elementos ao grupo dos lantanídeos, aos quais se juntam o escândio, elementos que ocorrem nos mesmos minérios e apresentam propriedade físico-químicas semelhantes.
As terras raras são usadas na fabricação de vários produtos. Entre os principais estão os superimãs, telas de celulares, de tablets e de computadores, no processo de produção da gasolina e em painéis solares. É estimado que a maior porcentagem das terras raras esteja localizada na Ásia, especialmente na China que, até então, detém 2/3 das reservas globais e mais de 80% do total comercializado no mundo.
Devido aos movimentos tectônicos, partes do manto (e, portanto, dos minerais de terra rara) emergiram até a superfície. No geral, as terras raras são metais que servem de matéria-prima essencial para itens de alta tecnologia. Localizá-los com o grau de pureza e concentração necessárias é uma tarefa difícil, por isso são tidos como raros.
Elementos
As principais fontes econômicas de terras raras são os minerais, monazite, bastnasite, xenótimo, e loparite, além de argilas lateríticas que absorvem ions.
Importância
Com praticamente o monopólio chinês das terras raras, o preço desse commoditie é extremamente valorizado no mercado mundial. Contudo, a grandiosa descoberta do Japão “não afetará o mercado de terras raras”, disse Naohiro Niimura, sócio da Market Risk Advisory, segundo o jornal financeiro Nikkei, ressaltando que a extração da jazida encontrada em Minamitorishima irá demorar até realmente ser uma realidade.
“O grande problema é a profundidade”, explica o ‘Nikkei’. Os metais estão enterrados sob águas de até 5.600 metros de profundidade – muito profundo para ser extraído com a tecnologia existente. O próximo passo para pesquisadores e empresas será descobrir como alcançá-los.

Fontes: Revista Galileu | Jornal financeiro Nikkei

terça-feira, 8 de maio de 2018

Mineração no entorno do Rola-Moça ameaça abastecimento na Grande BH



A mineração avança no entorno do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, uma das principais áreas verdes de Minas, e ameaça o abastecimento de água na Grande BH. As jazidas de minério de ferro de duas empresas, embargadas pela Justiça no passado, poderão ser exploradas novamente.
Para ambientalistas, a efetivação dos projetos, que incluem até a construção de uma estrada cortando a unidade de conservação, também vai impactar na fauna e flora locais. Já a Mineradora Geral do Brasil (MGB) e a Santa Paulina, responsáveis pelos empreendimentos, garantem que o abastecimento na região não será afetado.
Os processos de licenciamento ambiental das duas minas estão sendo analisados pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). Porém, em 16 de janeiro, a Santa Paulina conseguiu, nos tribunais, autorização para voltar a funcionar.
“Aquela cava está muito perigosa. Imagina se um carro ou pessoa cai lá. Queremos recompor o terreno e, para isso, temos que minerar” (Geraldo de Magalhães Lopes, gerente da MGB)
Até julho, o grupo Camargos Júnior, responsável pela Santa Paulina, terá que comprovar a regularização das atividades para que os trabalhos sejam retomados em Ibirité. Foi firmado junto ao governo do Estado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).
A mina era explorada desde a década de 1940. Em 2009, no entanto, o Ministério Público (MP) embargou a extração de minério no local. O órgão alegou a necessidade de estudos criteriosos para a renovação da licença, já que a legislação ambiental passou por mudanças nos quase 70 anos de atuação do grupo por lá.
Desde então, a mineradora trava uma briga na Justiça para tocar os projetos. A Santa Paulina pretende operar por mais três décadas na região, com a previsão de retirar 960 mil toneladas de minério por ano.
“Além dos riscos de secar mananciais, já que se reduz o lençol freático, a mineração ainda pode causar doenças respiratórias” (Pedro Cardoso Oliveira, Movimento Serra Sempre Viva)
Nascentes
Em jogo está uma área com centenas de nascentes que ajudam no abastecimento de Ibirité, Brumadinho, Casa Branca, Belo Horizonte e outras cidades do entorno.
“O Parque do Rola-Moça foi criado para proteger esses mananciais. Quando as mineradoras atingirem o lençol freático, vão deixar várias comunidades sem água”, afirma o diretor-presidente da ONG Ecoavis, Adriano Gomes Peixoto. A organização integra um grupo de ativistas que elaborou abaixo-assinado contra o retorno das atividades das empresas.
1,3 milhão de moradores de BH, Ibirité, Brumadinho e outras cidades da região metropolitana são abastecidos por mananciais do Rola-Moça, segundo o Movimento Serra Sempre Viva
Danos
Ao lado do Mirante dos Veados, em Brumadinho, está a Mina de Casa Branca, da Mineradora Geral do Brasil (MGB). Lá, o MP conseguiu a interdição, em 2001, em razão de danos ambientais gerados sem as devidas compensações ambientais.
Agora, a empresa alega que a cava formada ameaça uma estrada da região e precisa de manutenção. Além disso, tenta autorização para sustentar a estrutura e minerar por seis anos. A previsão é extrair 17 milhões de toneladas. “Só teremos condições de recuperar a área se minerarmos”, garante o gerente da MGB, Geraldo de Magalhães Lopes.

Ambientalistas e OAB questionam construção de estrada

A criação de uma estrada na área do parque do Rola-Moça é questionada por especialistas. Alguns, inclusive, afirmam que a proposta é inconstitucional.
Segundo a Semad, o projeto da MGB contempla a construção de uma via de aproximadamente 1,5 quilômetro paralela à existente. “Para fazer uma estrada ao lado da que já existe, será necessário passar por dentro do parque. Já imaginou o tamanho do impacto dos caminhões carregando toneladas de minério de ferro dia e noite?”, questiona o diretor-presidente da ONG Ecoavis, Adriano Gomes Peixoto.
Para o secretário-geral da Comissão de Direito Minerário da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais (OAB-MG), Alexandre Costa, a implantação de uma estrada dentro dos limites da área verde fere a lei 9.985, de 2000, chamada de Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC).
“Esse parque é uma unidade de conservação integral. Conforme essa norma, os recursos só podem ser usados de forma indireta. Não pode haver danos”.
O gerente de mineração da MGB, Geraldo de Magalhães Lopes, afirma que todos os possíveis impactos estão sendo avaliados e que as compensações serão feitas.

Ibirité e Brumadinho

Com receio de possíveis impactos sobre os mananciais, a população de Ibirité e movimentos de proteção ao meio ambiente lançaram abaixo-assinado pedindo que as atividades das mineradoras não sejam retomadas. Já foram recolhidas 9 mil assinaturas.

O secretário de Meio Ambiente de Ibirité, Anderson Mourão, disse que aguarda os relatórios e estudos que serão apresentados para falar sobre o projeto. A Prefeitura de Brumadinho, onde está a mina de Casa Branca, não quis se pronunciar.
Segundo a Semad, na análise da Licença Prévia (LP) será necessária a aprovação também do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) “em função da supressão de vegetação nativa de campo rupestre”. Já o Ibama informou que não houve pedido até o momento.
Haverá ainda parecer das unidades de conservação Parque Estadual da Serra do Rola-Moça e Apa-Sul.

Além disso

A Mineração Santa Paulina reforçou que obteve, por meio de decisão judicial, respaldo para retomar os trabalhos e comprovar que está regularizando as ações. Segundo a empresa, serão gerados 240 empregos diretos na etapa inicial de atividades – dois primeiros anos – e mais 360 na segunda, nos três anos seguintes. Para cada emprego direto, “acredita-se que são gerados mais 13 indiretos”.
Ainda conforme a mineradora, os “riscos de impacto ao meio ambiente são inexpressivos, tendo em vista que o maior impacto já foi gerado quando da abertura do empreendimento em 1940, que foi a supressão da vegetação local, que hoje não mais existe devido à abertura da cava”. Além disso, foi informado que a Mineração Santa Paulina é “muito pequena e de baixíssimo impacto”.

Fonte: Hoje em Dia

domingo, 6 de maio de 2018

China abrirá negociação no mercado futuro de minério de ferro a estrangeiros



Pouco mais de um mês depois de lançar futuros de petróleo denominados em yuan, a China começará na quinta-feira (03) a permitir que investidores estrangeiros negociem em seu historicamente volátil mercado de minério de ferro. O mercado de futuros de Dalian, um dos dois principais pontos globais do preço do minério, tem sido reconhecido pela volatilidade, dominado por volumosos investidores de varejo.
Apenas nos últimos meses, o futuro perdeu quase um quarto de seu valor em uma derrapagem de seis semanas a partir do final de fevereiro, só então para saltar 11% na próxima semana e meia. Apesar da oportunidade que a abertura oferece para proteger o valor de sua produção na China, os fornecedores internacionais provavelmente demoram a aproveitar, como costuma ser o caso de uma nova oferta de futuros. E as tensões comerciais entre os EUA e a China podem agravar a cautela usual, de acordo com analistas, além de gerar cautela.
“Definitivamente há interesse no mercado, mas os investidores também serão cautelosos quanto aos potenciais riscos”, disse Hongmei Li, analista sênior da Mysteel Global. As tarifas de importação dos EUA sobre o aço – essencialmente vistas como direcionadas à China – criam riscos.  Além disso, os controles de capital da China criam complicações. Os investidores precisarão avaliar quão fácil será tirar dinheiro do país, e se a conversão de ganhos de negociação de yuan em dólares – bem como o custo de cumprir com os requisitos regulatórios – consumirá substancialmente os lucros.
As negociações de futuros de petróleo listadas em Xangai começaram em 26 de março, e o volume no “contrato do primeiro trimestre” – o vencimento mais próximo – foi de 5% a 10% daquele para o benchmark West Texas Intermediate dos EUA. Georgi Slavov, chefe de pesquisa da Marex Spectron, chamou isso de impressionante e disse que espera que o volume suba gradualmente até meados do ano. Ainda não há dados disponíveis sobre quanto da negociação é feita por estrangeiros.

Fonte: Dow Jones Newswires

Minas e Energia aprova programa de apoio à mineração de pequeno porte



A Comissão de Minas e Energia aprovou o Projeto de Lei 2195/15, do deputado Dr. Jorge Silva (SD-ES), que cria o Programa Nacional para o Fortalecimento da Mineração de Pequeno Porte (Pronamp) e um fundo de apoio a essa atividade. O objetivo é garantir recursos para estimular o desenvolvimento da mineração com mais inclusão social.
Poderão participar do Pronamp os mineradores individuais, que desenvolvam seu trabalho como pessoas físicas, ou pequenas empresas de caráter familiar.
O relator do projeto, deputado Carlos Andrade (PHS-RR), lembrou que, em termos de volume e capital, as atividades da mineração no Brasil são dominadas por grandes empresas. Porém, segundo ele, quando se trata do número de empresas e de descobertas, os pequenos mineradores são uma expressiva maioria.
“Entretanto, para esses pequenos mineradores, que não têm acesso a grandes fontes de financiamento, é extremamente difícil desenvolver seu trabalho. Muitas vezes eles desistem desse ramo, transferindo seus direitos minerários para empresas de maior porte, o que torna o setor cada vez mais concentrado, relegando boa parte da mão-de-obra a atividades econômicas de pouca segurança e futuro incerto”, explicou Carlos Andrade.
Por isso, na avaliação dele, é de grande importância a proposta de criar um programa governamental e um fundo de apoio aos pequenos mineradores. “A iniciativa propicia o aumento da mão de obra empregada e a geração de renda para boa parte de nossa população”, salientou o relator.
Emendas
A proposta já havia sido aprovada pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços. Andrade acatou a emenda da comissão anterior que eleva, de R$ 400 para R$ 720 mil, o teto dos rendimentos brutos anuais das empresas a serem cadastradas no Pronamp.
“Essa modificação é possível porque não retira os postulantes da faixa em que podem ser classificados como pequenas empresas, ao passo em que permite a participação de um maior número de pequenos mineradores no programa de fomento à mineração”, justificou Carlos Andrade.
Ele rejeitou, porém, emendas da Comissão de Desenvolvimento Econômico que detalhavam a forma de atendimento dos garimpeiros individuais no Pronamp. Ele considerou que as questões relativas a esses profissionais já estão contempladas em leis de 1989 e de 2008.
Além disso, o relator incluiu emenda para ajustar o projeto a mudanças estabelecidas pela Lei 13.540/17, de dezembro do ano passado, que redistribuiu os valores da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem).

Fonte:Agência Câmara Notícias