quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Propostas para minerar o fundo do oceano podem causar danos irreversíveis aos ecossistemas do fundo do mar



Um novo estudo analisa os possíveis impactos danosos dos atuais planos globais de mineração do fundo do oceano, incluindo a destruição física de ecossistemas de águas profundas por operações de mineração. Os oceanos cobrem 71% da superfície da Terra, dos quais 90% são considerados mares profundos. Apesar dessa vastidão, os mares e oceanos são os ambientes menos explorados da Terra; apenas cerca de 0,0001 por cento do fundo do mar foi investigado.
Avanços na tecnologia tornaram possível explorar alguns dos confins mais profundos dos oceanos, o que levou à descoberta de espécies antes desconhecidas e que foram consideradas extintas. No entanto, esses avanços tecnológicos também tornaram a exploração comercial de recursos do fundo do oceano uma possibilidade real.
Pesquisadores da Universidade de Exeter e do Greenpeace disseram que, apesar do conhecimento relativamente pobre sobre ambientes de águas profundas, esses habitats tendem a ser sensíveis a distúrbios mediados por humanos e podem levar muito tempo para se recuperar – possivelmente décadas, séculos ou até milênios, se eles podem se recuperar de todo.

“À medida que aprendemos mais sobre os ecossistemas do mar profundo e o papel dos oceanos na mitigação da mudança climática, parece prudente tomar precauções para evitar danos que poderiam ter consequências duradouras e imprevisíveis”, disse o Dr. David Santillo, biólogo marinho e veterano.

A mineração do leito marinho envolve principalmente a extração mineral em vastas áreas do leito oceânico, potencialmente deixando uma grande “pegada” nos ecossistemas do fundo do mar dentro e ao redor dos depósitos minerais.
A Autoridade Internacional do Leito Marinho (ISA) regula as atividades humanas no fundo do mar além da plataforma continental. A ISA emitiu vários contratos para exploração mineral e continua a desenvolver regras para mineração comercial. No momento em que este documento foi escrito, a ISA está em processo de desenvolver uma estrutura regulatória para o gerenciamento da mineração tanto na área do leito marinho quanto na coluna de água do alto mar acima (a Área). O quadro jurídico da área é fornecido pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS).
Há uma demanda crescente por recursos como minerais e metais, inclusive para uso no desenvolvimento de novas tecnologias, o que despertou um interesse renovado na mineração do fundo do mar. De fato, algumas operações já estão ocorrendo, geralmente em profundidades relativamente rasas perto do litoral nacional.
Há muitas considerações sobre a mineração do leito marinho, tais como questões legais, previsão da escala e extensão do impacto, bem como monitoramento e regulação da atividade de mineração, uma vez que ocorre. Portanto, os pesquisadores propuseram alternativas para a mineração do leito marinho, incluindo a substituição de metais escassos por minerais que possuam propriedades semelhantes. Além disso, eles estão procurando componentes de reciclagem mais eficazes de produtos e resíduos inutilizados.
No entanto, o Dr. Santillo acredita que cortar a superprodução e o consumo exagerado de bens de consumo pode ser a solução definitiva para finalmente diminuir a demanda pela mineração do leito marinho.
“Em vez de usar o engenho humano para inventar mais e mais produtos de consumo que realmente não precisamos, podemos implantá-lo para construir bens que durem mais, sejam mais fáceis de reparar e façam melhor uso dos limitados recursos naturais que temos” ele disse. “Enquanto os governos se preparam para estabelecer as regras e as primeiras empresas se preparam para as minas, agora é a hora de perguntar se temos apenas que aceitar a mineração do leito marítimo ou decidir que o dano potencial é tão grande que realmente precisamos encontrar alternativas menos destrutivas”.
Efeitos da destruição do habitat marinho
A perda e destruição de habitats marinhos devido a perturbações provocadas pelo homem terão efeitos duradouros no ambiente e nas inúmeras espécies que dependem destes ecossistemas. Algumas das principais consequências da destruição do habitat marinho incluem:
Baixa concentração de oxigênio – A contaminação do ar e da água devido à poluição pode diminuir a concentração de oxigênio na água, na medida em que mal consegue suportar a vida aquática.
Migração de animais marinhos – Os animais serão forçados a encontrar novas casas quando o seu habitat já não puder suportar a vida. Outros ecossistemas existentes estarão repletos de animais migratórios, e as espécies residentes terão mais competição por áreas de alimentação e reprodução.
Redução de alimentos – Os seres humanos dependem dos ecossistemas marinhos para a alimentação, e os recursos marinhos esgotados podem levar à redução da oferta de alimentos.
Extinção – A maior consequência das condições ecológicas extremas é a morte de espécies animais e vegetais.


A última década viu um crescente interesse em obter recursos do fundo do mar, e com isso vem uma iniciativa crescente para pesquisar, monitorar e entender os ecossistemas do fundo do mar.

Fonte: Meio Ambiente Rio

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Os desafios da indústria mineral



Comunicar-se com a sociedade, ser ambientalmente sustentável e atender às expectativas das comunidades onde atua. Estes foram os temas de destaque no evento “Desafios da Industria Mineral Brasileira”, realizado pelo Ibram em parceria com a Fundação FHC, em São Paulo, no dia 15 de agosto e que reuniu dirigentes de empresas mineradoras, do governo e de entidades do setor.
Na sessão de abertura, Walter Alvarenga, presidente do Ibram, disse que a indústria mineral no Brasil hoje enfrenta como principais problemas a elevada carga tributária, a lentidão no licenciamento ambiental, a deficiência da infraestrutura e a insegurança jurídica. E que para o setor evoluir, no País, esses problemas precisam ser resolvidos.
O primeiro painel, com o tema “Desenvolvimento Econômico Territorial”, teve a participação de Tito Martins (diretor-presidente da Nexa Resources), Roberto Castello Branco (diretor do Centro de Estudos em Crescimento e Desenvolvimento Econômico da FGV), Jakeline Pereira (pesquisadora do Imazon) e Vicente Lôbo (secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do MME). Para Martins, se as mineradoras não adotarem como padrão o compromisso social, ambiental e contribuírem para o desenvolvimento regional, ficarão inviáveis. Castello Branco, depois de apontar a baixa capacidade do Brasil de atrair investimentos em exploração mineral, perdendo para outros países da América Latina, criticou as recentes alterações na CFEM e propôs a adoção do modelo australiano ou canadense, de cobrar os royalties das mineradoras com base no lucro e não na receita bruta. Vicente Lôbo disse que as recentes mudanças na legislação mineral, principalmente a parte que prevê o fechamento de minas, contribui para maior compromisso ambiental da atividade. E lembrou que o Brasil ainda tem um grande potencial de desenvolvimento da mineração, já que apenas 0,48% da área do seu território está onerada por concessões de lavra. E Jakeline Pereira citou o programa Territórios Sustentáveis, conduzido pela Mineração Rio do Norte, como um modelo de cooperação entre a mineração e as comunidades.
No segundo painel, “Questões Socioambientais”, falaram Otávio Cavalheira (diretor-presidente da Alcoa World Alumina Brasil), Luiz Eduardo Osório (diretor-executivo de Sustentabilidade e Relações Institucionais da Vale e presidente do conselho do Ibram), Roberto Waack (diretor-presidente da Fundação Renova) e Isabella Teixeira (ex-ministra do Meio Ambiente e atualmente co-chair do International Resource Panel, da ONU). Otávio Cavalheira destacou o projeto de recuperação de áreas mineradas utilizando tecnologia de nucleação (o que acelera a recuperação) e o programa de relacionamento com a comunidade de Juruti, no Pará, onde a mineradora tem o seu principal projeto de produção de bauxita.
Roberto Waack falou sobre os programas de remediação que estão sendo implementados pela Fundação Renova nas áreas afetadas pelo acidente da barragem de Fundão, mencionando que já foram gastos, nesses programas, R$ 4 bilhões. Luiz Osório disse que não dá para falar de mineração sem considerar o legado deixado na região onde a atividade é exercida.
E informou que a Vale acabou de aprovar um plano para mitigar o problema da poluição atmosférica em Tubarão (ES), no qual deve investir mais de R$ 1 bilhão. Isabella Teixeira, por sua vez, lembrou os danos causados pela mineração ilegal, informando que há mais de 3 mil garimpos nessa condição no estado do Pará. E lembrou que há passivos deixados pela atividade de mineração para os quais o poder público deve atentar.
O último painel, coordenado por Ruben Fernandes (presidente da Anglo American Brasil), abordou o tema “Competitividade do Setor Mineral Brasileiro” e reuniu João Fernando Gomes de Oliveira (diretor-presidente da Embrapii), Juarez Saliba (diretor de Estratégia, Exploração, Novos Negócios e Tecnologia da Vale) e Júlio César Maciel Raimundo (superintendente da área de Indústria e Serviços do BNDES).
João Fernando disse que a demanda por bens minerais para atender à indústria automotiva, com o crescimento exponencial dos carros elétricos, será um desafio, já que alguns materiais estão se exaurindo na natureza. Juarez Saliba criticou, de forma contundente, a lei sobre cavidades, que em sua opinião “vai matar a mineração no Brasil”, se não for mudada, e informou que a Vale está trabalhando fortemente em inovação tecnológica, mencionando que até o final do ano a empresa deve ser bem sucedida no desenvolvimento de uma rota pioneira para produção de metálicos.
Disse, também, que a companhia vai ter o mínimo possível de geração de rejeitos para disposição em barragens, no futuro próximo. Já Júlio Raimundo afirmou que o Brasil precisa urgentemente mudar o percentual de recursos financeiros que é destinado a investimentos em exploração mineral.

Fonte: Brasil Mineral

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Plano de Trump derruba controles sobre poluição derivada do carvão



O governo dos Estados Unidos divulgou nesta terça-feira, 21, um plano que diminuirá drasticamente o controle sobre a poluição causada pelas usinas termoelétricas movidas a carvão e transferirá a maior parte da regulação do setor para os Estados.
A proposta de “Energia Limpa Acessível” (ACE, em inglês) apresentada pela Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos EUA substitui as mudanças radicais no mix de eletricidade do país propostas por seu antecessor, Barack Obama, por restrições modestas nas emissões e em usinas específicas.
O projeto também define as diretrizes de poluição com base em suposições sobre quais melhorias poderiam ser obtidas através de atualizações na eficiência das instalações, e dá aos Estados a liberdade de criar seus próprios planos para reduzir as emissões de dióxido de carbono.
Andrew Wheeler, administrador em exercício da EPA, afirmou que a proposta “restaura o estado de direito e capacita os Estados a reduzir as emissões de gases de efeito estufa” ao mesmo tempo em que fornecerá “energia moderna, confiável e acessível para todos os americanos”.
“A proposta de hoje fornece aos Estados e à comunidade regulada a certeza de que eles precisam para continuar o progresso ambiental enquanto cumprem a meta do presidente Trump de domínio energético”, disse Wheeler, em comunicado.
A medida é mais uma das ações tomadas por Trump para cumprir as promessas de campanha de revitalizar a indústria do carvão e restaurar os empregos na mineração. Embora seja improvável que altere drasticamente o mix de energia dos EUA – ou dê um grande impulso à demanda interna de carvão – os defensores do setor elogiaram o esforço para “limitar a influência do governo federal e nivelar o campo de jogo”.
“A política apresentada pelo governo anterior foi uma tentativa ilegal de impor uma agenda política ao sistema de energia do país”, disse Hal Quinn, presidente da Associação Nacional de Mineração. “A nova regra respeita a infraestrutura e as realidades econômicas que são únicas para cada Estado, permitindo soluções direcionadas, ao invés de impor algo de cima para baixo.”
Trump deve participar de eventos de campanha para a eleição legislativa de meio de mandato nesta terça-feira na Virgínia Ocidental, segundo maior Estado produtor de carvão nos EUA, onde em 2016 ele se comprometeu a “abrir as minas”.
Defensores do meio ambiente e pessoas envolvidas na formulação do ambicioso plano de Obama para popularizar o uso de energia limpa nos EUA criticaram a projeto do novo governo, considerado uma forma de favorecimento político e disseram que representa uma retirada dos EUA da luta global contra as mudanças climáticas.
“A EPA de Trump está abandonando qualquer tentativa de reduzir a poluição por carbono que está causando as danosas mudanças climáticas”, disse Lissa Lynch, advogada do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais. “Esta proposta viola a lei e joga no lixo os livros de ciências e economia, para apoiar usinas a carvão que não podem competir com as de energia mais limpa.”
Depois de um período em que receberá comentários externos sobre a proposta, o governo Trump esperar concluir o novo plano para usinas termoelétricas a carvão em 2019. Os críticos da iniciativa, no entanto, prometem uma batalha jurídica contra a iniciativa que pode levar anos para ser resolvida. /

Fonte: WASHINGTON POST

Samarco prepara volta após desastre de Mariana, diz executivo da BHP



Agora que a licença ambiental para a construção do novo vilarejo de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), foi expedida, a Samarco pode se preparar para voltar à operação. Mas isso deve demorar ainda pelo menos dois anos.
A avaliação é de Bryan Quinn, executivo da anglo-australiana BHP Billiton, sócia da brasileira Vale na mineradora responsável pelo desastre de 5 de novembro de 2015
Chefe do setor de joint ventures não operadas diretamente pela BHP, portanto responsável pela participação na Samarco, Quinn reclama de entraves burocráticos que não permitiram acelerar o processo de remediação ambiental e o pagamento de indenizações após o rompimento da barragem de Fundão, que matou 19 pessoas.
No entanto, Quinn se anima com o aval dado pela Justiça em 8 de agosto ao último acordo com o Ministério Público Federal, dois anos e meio após o acordo firmado com o governo federal.
O novo documento impõe maior participação dos atingidos nas decisões tomadas pela Fundação Renova, criada pelas mineradoras para fazer a recuperação social e ambiental.
“Não me parece necessariamente certo ver a mineração acontecendo e Bento não acontecendo. Isso é muito importante para nós”, afirma Quinn.
Na estimativa da Renova, a construção do novo Bento deve demorar entre 22 e 24 meses. Em paralelo, a Samarco tentará obter nova licença operacional e resolver problemas estruturais internos, além de encontrar soluções de segurança para os rejeitos, a fim de voltar a minerar.
Quinn nega que a empresa soubesse de problemas estruturais na barragem que poderiam ter levado à ruptura, como acusa a Procuradoria.
No fim de 2016, BHP, Vale e Samarco e 21 executivos das três mineradoras viraram réus sob acusação de homicídio com dolo eventual. As empresas também são acusadas de crime ambiental.
A VogBR, que inspecionava a barragem, e um dos seus engenheiros respondem pelo crime de falsificação de laudo ambiental.
A seguir, os principais trechos da entrevista realizada em 9 de agosto.
Responsabilidade da BHP
Li o relatório [de especialistas contratados pelas mineradoras] dois anos atrás, quando foi publicado. Ele é muito abrangente em termos da série de coisas [que contribuíram para o rompimento]. Não tenho como fazer mais comentários, mas creio que o relatório aponta exatamente todos os ingredientes.
Não sou um especialista em barragens nem em rejeitos, mas lendo o relatório e o tipo de coisas que eles arrolam, não estou seguro de que haja uma conclusão [sobre a responsabilidade por falhas].
O relatório é a melhor informação que temos. No nosso entendimento, ninguém tinha informação para dizer que sabia que a barragem iria falhar. Na operação sempre há pequenas coisas que saem errado, as pessoas agem e corrigem, não diria que isso é algo incomum em qualquer indústria pesada.
Não posso fazer comentários sobre a mudança [de eixo da barragem, local do rompimento]. Para ser franco, não sei. Vi no relatório também, mas, se recordo, foi uma das coisas que se somaram, uma combinação de questões que não estava sendo vista pelas pessoas.
As pessoas que trabalhavam para a BHP [e são acusadas de homicídio], em geral, continuam a trabalhar. Alguns escolheram sair, alguns se aposentaram. Nós damos todo o apoio a essas pessoas, eles não fizeram nada de errado.
Não concordamos com as especulações [de que a BHP sabia dos riscos e nada fez] e vamos nos defender custe o que custar.

Por que BHP demorou a falar

Agora temos coisas positivas em duas frentes: a ratificação do acordo de governança, ontem [08/08] e, em segundo lugar mas muito importante, a licença para o reassentamento de Bento Rodrigues concedida semanas atrás. A preparação para as obras de construção está andando, uma notícia fantástica.
De início, antes de a Renova entrar em cena, pusemos nosso foco, energia e esforços em resolver o problema, em consertar com segurança a barragem. Era o foco de nossa companhia, assegurar que a Samarco mantivesse o foco nisso.
Depois, quisemos garantir que a Renova se estabelecesse e fosse eficaz em remediação e compensação.

Vantagens de novo acordo

É frustrante que as coisas estejam demorando tanto, frustrante para nós e para a pessoa que está esperando pela compensação [indenização] ou pela remediação [recuperação ambiental]. Não estou criticando, só gostaríamos de ver as coisas andando muito mais depressa.
Acreditamos que o acordo de governança assinado com todas as partes pode reuni-las todas e, tomara, seguir em frente. Não quer dizer que sempre será sem obstáculos, mas acho que permite um caminho melhor.
Não podemos desfazer o que aconteceu. Tudo que podemos fazer é corrigir isso, em termos de remediação e compensação. As melhores características do acordo estão no fato de as comunidades agora terem envolvimento em todos os seus aspectos, os conselhos, os comitês, os grupos técnicos, as comunidades originais, as comissões locais.

Recuperação x Indenizações

A remediação ambiental está indo excepcionalmente bem. Mais de 130 afluentes estão em recuperação. Aproximadamente 500 nascentes. Se você viaja ao longo do rio nem consegue perceber o que de fato ocorreu.
Em termos sociais, há duas áreas em que estamos mais focados, no reassentamento, uma das questões sociais mais importantes, e em apoiar a Renova para que devolva os pescadores às suas atividades econômica tão rápido quanto possível.
Agora o conselho diretor tem nove representantes, não sete. Agora temos membros da comunidade como parte da representação e temos o Comitê Interfederativo (CIF), o grupo de governança para verificar e assegurar que o trabalho se alinha com o que deve acontecer, uma espécie de instância de supervisão.
Obviamente a estrutura de governança que criamos serve para assegurar que o trabalho seja feito com base na ciência e em aspectos técnicos. No novo acordo temos muito mais envolvimento comunitário, de todo modo, o que é ótimo, temos os procuradores e os defensores públicos também no processo.
A imagem [da Renova como preposto da Samarco] é uma coisa, mas o fato é que, como empresa, queremos ver as coisas progredirem.
Não posso falar pela Vale, mas a BHP quer que se tomem as melhores decisões para remediar o que precisa ser remediado, usando ciência para tomar as decisões, e para compensar o que precisa ser compensado. Não se trata de compensar só por compensar, e depois ver as vidas das pessoas arruinadas depois.

O novo e o velho Bento

Cabe à comunidade e ao município [Mariana] decidir o que querem fazer [com o velho Bento]. Há obviamente questões de segurança no local impactado pelos rejeitos. Se for um memorial, seria bom para a comunidade, mas precisamos avaliar os riscos em termos de estabilidade daquelas construções. Odiaria que as pessoas façam daquilo um lugar para visitar e depois um teto cair e ferir ou matar alguém. Reconheço também que há um cemitério lá, importante para todo mundo visitar os entes queridos que morreram. A questão para mim é garantir que seja seguro.
A Renova está falando em 22 a 24 meses [para construir o novo Bento]. Estão concentrados em fazer a área central primeiro, a infraestrutura, o centro da cidade, e o projeto de arquitetura de cada casa ainda tem de ser aprovado pelo município.

Volta da Samarco

Entendemos que a Samarco é uma organização muito importante para a região de Mariana. Houve várias reuniões comunitárias em favor do retorno da Samarco. Ainda há muitos passos pela frente, licenças, permissões. Parte de minha incompreensão do processo é que sempre há mais uma aprovação [a obter]. A Samarco está tirando a licença de operação, o que deve acontecer até o ano que vem.
Em paralelo ao processo de licença, algum trabalho de preparação tem de ser realizado, algumas questões legais a serem resolvidas com o Ministério Público. Vai ser uma operação de baixa produção por vários anos, portanto a viabilidade será muito diferente do que era antes de ser paralisada.
Assim que se chegar perto de ter a licença de operação aprovada e do trabalho de preparação na nova cava de rejeitos, ainda seria preciso realizar todo o recrutamento, treinamento, assim como transferir as plantas de filtração desde Ubu [em Anchieta, ES], parte do novo projeto da Samarco -separar as areias do lodo nas instalações de rejeitos, de modo a ter mais capacidade.

Viabilidade econômica

Primeiro, temos de trabalhar na estruturação da dívida, de modo a assegurar que a Samarco tenha viabilidade econômica de longo prazo. Estamos concentrados na retomada tanto quanto a Vale, mas temos de alinhar todos os pontos: tem de fazer sentido do ponto de vista de segurança, a comunidade querer, contar com as licenças e ser econômico -se não for, trabalharemos para tornar econômico. Queremos ver a Samarco recomeçar em algum ponto.

Sociedade com a Vale

Certo ou errado, em nenhuma das nossas joint ventures no mundo discutimos informação comercial confidencial. Nosso foco é trabalhar com a Vale pela retomada, e em fazer isso segura e economicamente.
Antes de mais nada, o foco foi sempre na remediação e na compensação. A Samarco podia esperar enquanto isso acontecia. Agora, retomada é algo em que se pode pensar. Não me parece necessariamente certo ver a mineração acontecendo e Bento não acontecendo. Isso é muito importante para nós.
Burocracia
Todo país tem algum nível de processos [burocráticos], e esses processos são adotados em certa altura por alguma razão. A frustração de não ver as coisas andarem mais depressa vem em parte de não entendermos esses processos. Em outros países conhecemos melhor e, portanto, podemos nos antecipar. Estamos um pouco desapontados com a velocidade das coisas, mas para a maioria das pessoas é normal.
Até mesmo para coletar amostras de peixes [do mar] tem havido restrições. Não podemos colher amostras para testar se os peixes estão OK e dar confiança às pessoas. Não entendemos por quê. É uma das coisas do programa que poderia andar bem mais depressa. Porque os pescadores não podem pescar. Eles e nós ficamos tentando entender por que não. A informação que temos hoje não indica muita preocupação, mas sempre há algum tipo de restrição.

Fonte: BEM Paraná

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Proibido em 65 países, amianto volta ao mercado dos EUA



A Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) permitiu a reintrodução do amianto na indústria norte-americana, conforme relatado pela Fast Company. A substância perigosa, proibida em 65 países, poderá agora ser introduzida nos EUA por meio de produtos e materiais domésticos comuns. Este é o resultado de um “SNUR”, sigla em inglês para Nova Regra de Uso Significativo, que permite, entre outras coisas, que produtos contendo amianto sejam aprovados pelo governo federal.
A brecha na lei surge a partir da avaliação do risco de produtos químicos potencialmente nocivos. De acordo com a EPA, as avaliações de risco não considerarão mais o efeito ou a presença de substâncias no ar, solo ou água, oferecendo uma brecha para aqueles que buscam restabelecer produtos derivados do amianto.  Embora o amianto não represente uma ameaça direta aos consumidores, o perigo de interagir com fibras de amianto prejudiciais aumenta para mineradores, operários da construção civil e pessoas que vivem perto de aterros sanitários.
O que antes era um mineral comum na indústria da construção devido às suas propriedades de retenção de calor, nas últimas décadas tem sido associado a doenças como o câncer de pulmão. Isso levou à proibição de produtos contendo amianto em 65 países ao redor do mundo, incluindo grande parte da Europa e do Golfo Pérsico, juntamente com países como o Japão e a Coreia do Sul na Ásia; Austrália e Nova Zelândia na Oceania; África do Sul e Moçambique na África; e seis países latino-americanos, incluindo Chile, Argentina, Uruguai e Brasil.
Embora os EUA nunca tenham proibido inteiramente a substância, seu uso foi restringido pela legislação entre 1972 e 1989. Apesar disso, estima-se pela Organização de Conscientização sobre a Doença de Amianto que 40.000 pessoas nos EUA morrem todos os anos por causas relacionadas à substância

Fonte: Arch Daily

Vale diz que questão ambiental não é problema, mas oportunidade



A brasileira Vale quer ser a maior mineradora ambientalmente “friendly” (amigável) do mundo e avalia que endereçar bem questões ambientais pode ser uma “oportunidade” de redução de custos, conforme a companhia adota medidas voltadas a mitigar o impacto de suas atividades. “Teremos o mínimo de rejeitos indo para barragens (no futuro)”, disse nesta quarta-feira o diretor de Estratégia, Exploração, Novos Negócios e Tecnologia da companhia, Juarez Saliba de Avelar, durante evento em São Paulo.
Ele citou transportes e métodos de exploração mais eficientes, além do próprio minério de alta qualidade produzido pela empresa, como fatores para ser uma empresa que produz menos impactos ao meio ambiente. O movimento se dá enquanto a companhia disponiliza recursos para garantir reparações devido ao rompimento da barragem da Samarco, uma joint venture da mineradora com a BHP Billiton.
Em 2015, a barragem de Fundão da Samarco se rompeu, matando 19 pessoas e causando o maior desastre sócio-ambiental do Brasil. O diretor destacou ainda que a Vale busca se tornar autossuficiente em consumo de energia nos próximos anos, a partir de fontes em sua maioria renováveis. “Temos uma meta na Vale… Nos próximos dois, três anos, vamos atingir 100 por cento da energia elétrica que a gente demanda, seja hidrelétrica, solar ou biomassa, que também está entrando em nossa equação”, destacou ele durante apresentação em evento do setor de mineração, em São Paulo.
Em sua avaliação, a atenção à questão ambiental tende a ajudar a Vale a reduzir custos, um dos pilares para ganhar ainda mais competividade. “O grande problema das mineradoras em geral foi perder a mão dos custos. Todas essas iniciativas (ambientais) estão levando à redução dos custos. A questão ambiental não virou um problema para a Vale, virou uma oportunidade tremenda”, afirmou.


Fonte: Reuters