quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Mineradoras Buscam Plano para Enigma do Crescimento Chinês


A Rio Tinto, segunda maior mineradora do mundo, já não tem certeza quanto ao futuro do crescimento da China, sua maior cliente. E não é a única. A demanda de curto prazo da China continua difícil de compreender, disse o CEO da Glencore, Ivan Glasenberg, no mês passado, depois que as maiores mineradoras foram pegas de surpresa neste ano pelo estímulo chinês que ampliou a demanda por matérias-primas, elevando os preços após cinco declínios anuais seguidos. A Rio agora considera as metas de longo prazo inúteis e elaborou uma série de possíveis cenários de crescimento, com títulos como “Mal-estar na China” e “Aos trancos e barrancos”, segundo o CEO da empresa, Jean-Sebastien Jacques.
“Não se trata de uma tentativa de prever o futuro, e sim de se preparar para qualquer futuro — foi nesse ponto que as empresas de mineração e metais se equivocaram no passado”, disse o líder do setor global de mineração e metais da EY, Miguel Zweig, em resposta por email. “O crescimento da China, que é crucial para os preços, é difícil de antecipar”.
Com a perspectiva turva, a Rio, que recebeu cerca de 42 por cento das receitas do primeiro semestre da China, se afastou de sua projeção de que a produção de aço do país subirá até 2030 até atingir um pico de cerca de 1 bilhão de toneladas. O principal economista da BHP Billiton disse neste mês que os exportadores de minério de ferro foram apanhados pelos preços mais elevados, enquanto a Glencore contabilizou no mês passado um prejuízo de US$ 395 milhões depois de fazer hedge para a produção futura de carvão antes do rali gerado pelo aumento das importações chinesas.
Planejar-se para vários cenários de crescimento da China seria uma medida positiva para as mineradoras, assim como os sinais de que elas estão preparadas para reagirem mais à oferta, disse Tim Murray, sócio-gerente da J Capital Research, que é focada na China, por telefone, de Sidney. Devido à incerteza em relação aos preços, os produtores deverão aumentar a produtividade e continuar revisando os portfólios para se concentrarem nas commodities e nas regiões mais importantes, segundo Zweig, da EY, de São Paulo.
A Glencore está monitorando de perto a demanda da China por commodities e também os ajustes do país à produção de carvão para tomar decisões sobre sua produção, disse Glasenberg no mês passado. A equipe de marketing da BHP, incluindo profissionais que trabalham na China, “têm ordens de desafiar as visões atuais”, disse o presidente de marketing e oferta da produtora, Arnoud Balhuizen, em entrevista coletiva, em Cingapura, em 2 de setembro. “Queremos considerar uma série de cenários, por mais incômodos que às vezes eles possam ser”.

Fonte: Bloomberg

PL Facilita Normas para Exploração



Tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 5751/16, que tem como objetivo simplificar as normas para exploração de rochas ornamentais – como granito, mármore e ardósia, usadas como revestimento de pisos; e rocha calcária – que gera o cal para usar argamassa na construção civil.
A proposta abre a possibilidade de se explorar essas rochas apenas com licenciamento. Pelas regras atuais, esse tipo de extração mineral está submetido a regimes de autorização e concessão. “Adotado o novo regime, a simplificação do processo trará ao setor maior celeridade na obtenção dos títulos e maior segurança em seus investimentos”, afirmou o autor da proposta, senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES). A proposta amplia ainda o licenciamento para argila de todo tipo de indústria e não apenas para fabricação de cerâmica vermelha, como prevê a lei 6.567/78, que trata do regime de exploração e aproveitamento de rochas e minerais como os de uso imediato na construção civil, conhecidos como agregados.
Segundo o autor da proposta, o licenciamento não reduz a necessidade de se atender a todos os requisitos para obtenção de licenças ambientais. “A garantia da preservação do meio ambiente permanece intocada. E o resultado será a expansão de um setor que pode muito contribuir para a recuperação econômica do País.”. Atualmente, o DNPM autoriza ou concede a os direitos de exploração e lavra seguindo procedimentos que podem demorar até cinco anos. Com o intuito de reduzir este tempo, está sendo adotada a guia de utilização, documento que autoriza a lavra em fase experimental, mas sem a segurança jurídica de concessão. “O que deveria ser exceção virou regra. Pode-se deduzir dessa situação que o atual modelo de gestão minerária brasileiro não tem mais sustentação”, disse Ferraço. Em 2014, foram emitidas 1.083 guias de utilização e outorgadas apenas 281 portarias de concessão de lavra.
A proposta tramita em regime de prioridade e caráter conclusivo e será analisada pelas comissões de Minas e Energia; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Fonte: Brasil Mineral

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Brasil se prepara para 2ª fase do enriquecimento de urânio


As Indústrias Nucleares do Brasil (INB) estão se preparando para entrar na 2ª fase do enriquecimento isotópico de urânio. Atualmente, a usina de enriquecimento da INB, localizada em Resende, RJ, possui seis cascatas de ultracentrífugas em operação, atendendo cerca de 40% das necessidades de Angra 1. Após concluída a fase atual de implantação da Usina – primeira etapa –, com a construção e entrada em operação de mais três cascatas, serão atendidas 100% das necessidades de urânio enriquecido da usina de Angra 1 e 20% de Angra 2.
Os detalhes desta 2ª Fase do enriquecimento isotópico de urânio no Brasil vão ser detalhados pelo próprio presidente da INB, João Carlos Derzi Tupinambá, durante sua participação no VII Seminário Internacional de Energia Nuclear (SIEN 2016), que acontece nos próximos dias 20 e 21 de setembro, no Centro Cultural FGV, no Rio de Janeiro. O presidente da INB participa de um painel que vai debater o tema “Combustível nuclear – como gerar novos negócios e oportunidades para o Brasil”.
Recentemente, a INB anunciou a exportação, pela primeira vez, de urânio enriquecido para a Argentina. O contrato, assinado com a empresa estatal argentina Combustibles Nucleares Argentinos S.A. (Conuar), prevê a exportação de quatro toneladas de pó de dióxido de urânio (UO2) para serem utilizadas na carga inicial de combustíveis do reator modular argentino Carem.
Além do Brasil, apenas outros 11 países dominam o ciclo de enriquecimento do urânio.  A tecnologia utilizada na unidade da INB em Resende é a de ultracentrifugação para enriquecimento isotópico do urânio, que foi desenvolvida pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), em parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN). Segundo João Carlos Derzi Tupinambá, esse primeiro fornecimento ao país vizinho, “além de ser um marco nas relações Brasil-Argentina, consolida a presença da INB, e portanto do Brasil, no cenário internacional do enriquecimento de urânio para fins pacíficos”.
SIEN2016 debate novo modelo
Os temas de vários painéis e palestras do Seminário Internacional de Energia Nuclear – SIEN 2016 já estão definidos. O SIEN 2016 terá como tema central “Um Novo Modelo de Financiamento para o Negócio Nuclear no Brasil”. Através de painéis e palestras, o Seminário irá trazer discussões sobre a política nuclear no Brasil, os desafios para o desenvolvimento e gestão do setor no país, novas tecnologias e soluções para construção e operação de usinas nucleares, bem como os diversos usos da radiação para fins pacíficos.
O SIEN 2016 tem por objetivo dinamizar o debate e apresentar soluções e novas tecnologias para o desenvolvimento nuclear, criando um espaço importante para a discussão e intercâmbio técnico-profissional, além de um ambiente favorável para a realização de negócios. O Seminário chega à sétima edição como uma referência na discussão nuclear, reunindo empresas brasileiras e internacionais, autoridades do governo, agências internacionais, técnicos e gestores da cadeia industrial do setor, universidades, institutos de pesquisa, associações técnicas, profissionais e empresariais, entre outros segmentos. O evento, promovido anualmente pela Planeja & Informa Comunicação e Casa Viva Eventos, contará este ano com a parceria da FGV Energia, Centro de Estudos e Pesquisas da Fundação Getúlio Vargas.
No painel que debaterá o tema principal do SIEN 2016 estarão, entre outros, o especialista Otávio Mielnik, da Fundação Getúlio Vargas; Leonam dos Santos Guimarães, Diretor de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente da Eletronuclear; Luiz Alberto da Cunha Bustamante, consultor legislativo do Senado Federal para a área de Minas e Energia, e Antonio Ferreira Muller, presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN). As discussões sobre “Experiências e modelos de parcerias para gestão, construção e operação no setor nuclear” contarão com a participação de Orpet Peixoto, diretor da AF Consult, empresa que atua em 80 países e está presente no Brasil desde 2012 na atividade de engenharia consultiva com foco nas áreas automotiva, de celulose e de energia nuclear. O painel terá também um representante da estatal russa de energia nuclear Rosatom e da francesa Areva / Atmea, líder global em energia nuclear e renovável.
O Vice-Almirante Ney Zanella dos Santos e o Contra-Almirante Luciano Pagano, respectivamente diretor presidente e diretor comercial da Amazul, apresentarão as atividades de projetos de instalações nucleares da empresa, criada em 2013 com o objetivo de promover, desenvolver, transferir e manter tecnologias sensíveis às atividades do Programa Nuclear da Marinha (PNM), do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) e do Programa Nuclear Brasileiro (PNB). Vale lembrar que a tradicional visita técnica que encerra o SIEN será este ano ao Estaleiro e Base Naval de Submarinos (EBN) da Marinha do Brasil, em Itaguaí, região metropolitana do Rio, onde está sendo implementado o Prosub.
As inscrições para o SIEN 2016 podem ser feitas pelo e-mail inscricao.planeja@gmail, www. sienbrasil. com e telefones (5521) 2215-2245 / 2244-6211. As empresas interessadas em participar do evento e da EXPONUCLEAR como patrocinadoras ou trazendo suas tecnologias para a mesa de debates, podem entrar em contato com a  Planeja e Informa Comunicação e Marketing através do e-mail informacoes@sienbrasil.com- telefone: (55 21) 2215-2245. Sócios da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben), da ABDAN, da FEBRAE e do Instituto de Engenharia, da ABCE, da ABRAGET e da ANACE têm 10% de desconto na inscrição. Já estudantes contam com 50% de desconto.

Fonte: JB

Qual é o segredo da Austrália, o país que está há 25 anos sem sofrer uma recessão


É preciso voltar muito no tempo para encontrar uma fase de crise na economia australiana. Em 1990, a seleção argentina, encabeçada por Maradona, era campeã de futebol. Os poucos telefones celulares em operação eram do tamanho de um tijolo de construção. E a União Soviética estava em seu processo final de desintegração.
Desde 1991, e por 25 anos consecutivos, a economia australiana só vem crescendo. Os dados mais recentes, de junho, mostram que a economia está crescendo a um ritmo anual de 3,3%. Só faltam três trimestres para que a Austrália alcance o recorde de maior crescimento econômico contínuo na época moderna – que atualmente pertence à Holanda: 26 anos.

Economia diversificada

O bom desempenho experimentado pela economia australiana tem ainda mais mérito devido ao colapso dos preços internacionais das matérias-primas – uma tendência ameaçadora para uma nação voltada para a mineração. A explicação pode ser encontrada, parcialmente, na boa sorte, segundo a correspondente de economia asiática da BBC, Karishma Vaswani.
“As minas foram fechadas e empregos foram perdidos nesse setor. Mas não esqueçamos que a Austrália é uma economia altamente diversificada”, afirmou.
“Turismo, finanças, tecnologia e educação são os componentes principais da economia da Austrália e se beneficiaram de uma moeda australiana mais fraca”, segundo a correspondente.
Também ocorreram lucros no setor agrícola e a mesma indústria de mineração obteve um alívio na recente desvalorização do dólar australiano, o que fez os produtos do país ficarem mais baratos no exterior.
E os avanços tecnológicos a fizeram mais competitiva.

Alto padrão de vida

Mas, independente do desenvolvimento recente, o fato é que a Austrália está há mais de uma geração sem conhecer uma verdadeira crise econômica. O país conta com abundantes recursos naturais e seu território tem dimensões continentais.
Conta com recursos minerais, mas também se beneficiou com correntes migratórias que levaram profissionais e empresários de todo o mundo para viver no país. A Austrália atrai novos habitantes, em parte com a promessa de uma boa qualidade de vida em meio a praias, natureza e um clima agradável – além de cidades cosmopolitas como Sydney e Melbourne.
O desemprego está um nível baixo, de cerca de 5%. E há muitos australianos que nunca experimentaram uma crise econômica. Mas analistas advertem que com uma demanda externa que às vezes vacila, um elevado nível de endividamento de seus habitantes e outros fatores que diminuem o consumo, não se pode descartar uma desaceleração do crescimento.
Por isso, a Austrália não pode se descuidar nos 9 meses que faltam para alcançar a Holanda e ficar com a medalha de ouro no crescimento econômico mundial.

Fonte: G1

Rio de Janeiro recebe a segunda edição do maior evento técnico-científico da América Latina nas áreas de metalurgia, materiais e mineração



Estão abertas as inscrições para a ABM Week 2016, considerado o maior evento técnico-científico da América Latina nas áreas de metalurgia, materiais e mineração. Pelo segundo ano consecutivo, a ABM (Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração) realiza simultaneamente, no mesmo local, os 12 tradicionais eventos da entidade: o 71° Congresso Anual e os seminários de Laminação, Aciaria, Redução, Minério de Ferro, Aglomeração, Logística, Balanços Energéticos, Gases Industriais, Automação e TI e Trefilação, além do Enemet – Encontro Nacional de Estudantes de Engenharia Metalúrgica, de Materiais e de Minas. As inscrições podem ser feitas diretamente no site do evento: http://www.abmbrasil.com.br/abmweek2016/.
De acordo com a organização, a expectativa é reunir cerca de duas mil pessoas do Brasil e do exterior, entre executivos e profissionais da indústria e de empresas fornecedoras de produtos e serviços para o setor, além de acadêmicos, pesquisadores e estudantes. Na programação, painéis, mesas-redondas, homenagens, premiações e sessões técnicas, com a apresentação de mais de 500 trabalhos. Para o presidente executivo da ABM, Horacidio Leal Barbosa Filho, o evento é uma oportunidade única para que todos os participantes possam compartilhar conhecimento e se atualizar sobre novas tendências. “Com a ABM Week fortalecemos e aproximamos diversas áreas de toda a cadeia produtiva, incluindo os chamados setores transversais, como logística, automação e TI e energia”, ressalta.
Plenárias e Painéis – Destaques da programação, as plenárias e painéis da ABM Week abordarão questões relevantes para os setores representados no evento, ações consagradas mundialmente e tendências que possam impulsionar as empresas brasileiras, muitas das quais com operações globalizadas. À frente das apresentações estarão renomados especialistas de vários continentes, referências mundiais nas comunidades industrial e acadêmica. Entre os temas em debate está a produtividade diante da crise. No dia 27/09, na Plenária “Como ser mais produtivo?”, coordenada por Francisco Coutinho Dornelas, assessor da diretoria de Aços Planos América do Sul da ArcelorMittal, os debatedores irão mostrar como as empresas do setor estão lidando com a crise, quais estratégias estão implementando e, especificamente, que ações estão desenvolvendo para superá-la. A série de palestras será aberta por Celso Chapinotte Lury, diretor da Gartner Goup e com experiência de 40 anos em consultoria e aplicação de tecnologias nos mais variados setores da economia. Lury abordará o tema “Tsunami digital”. Em seguida, o vice-presidente de Operações da ArcelorMittal Tubarão, Jorge Luiz Ribeiro, falará sobre “Excelência operacional”. Também participam o coordenador geral da ABM WEEK, Enéas Garcia Diniz, assessor da presidência da CSN, e Daniel Freire, executivo da Novelis. Albano Chagas Vieira, presidente do Conselho de Administração da ABM, atuará como mediador dos debates.
Já no dia 28/07, o destaque será a plenária “Geração de conhecimento e criação de valor”. De acordo coordenador Eduardo Côrtes de Castro, gerente de Cilindros de Laminação da CSN, o objetivo dos debates é compartilhar diferentes visões da gestão estratégica do conhecimento e sua relação com a competitividade das empresas, permitindo uma reflexão sobre as melhores abordagens para superar as adversidades impostas pelo contexto mundial e nacional através da inovação tecnológica. Segundo ele, a competitividade passa a ser uma questão chave para as empresas que pretendem sobreviver e alcançar sucesso neste mercado. “A criação de valor para os clientes figura como o grande diferencial”, pontua.
Participam da plenária o professor titular da Escola Brasileira de Administração Pública – FGV e pesquisador associado sênior da Universidade de Oxford (Reino Unido), Paulo N. de Figueiredo, que irá tratar do tema “Acumulação de competências tecnológicas e processos de aprendizagem – fatores fundamentais para a inovação”. Luiz Eugênio Araújo de Moraes Mello, diretor de Tecnologia e Inovação da Vale, falará sobre “Transformação de conhecimento em inovação tecnológica – visão estratégica e resultados da Vale”. O diretor de Tecnologia e Inovação da Votorantim Metais, Alexandre Gonzaga Magalhães Gomes debaterá o “Aumento da competitividade através da gestão do conhecimento inovador” e Hermeno Pinto Gonçalves, diretor Corporativo Industrial, Engenharia e SSMA da Gerdau, fará sobre “Gestão estratégica do conhecimento e sua influência nos resultados”. O moderador dos debates será o engenheiro Marcio Frazão Guimarães Lins, da CSN.
Durante a ABM Week 2016, haverá também cursos pré-evento, no dia 26/09, e , no dia 30/09, visitas técnicas a empresas do setor. Com uma agenda de treinamentos que envolve várias áreas do conhecimento nos segmentos de siderurgia, não ferrosos e mineração, os cursos pré-eventos estão abertos a qualquer pessoa interessada em se capacitar ou se atualizar, independentemente de estar inscrito na ABM Week. Os interessados deve acessar o site do evento para informações e inscrições.

Fonte: ABM

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Como seriam as Olimpíadas sem a Mineração?


Até seu encerramento, os Jogos Olímpicos trarão para o Rio de Janeiro cerca de 1,7 milhão de pessoas – vindas do mundo todo. 42 modalidades de esportes serão disputadas durante 19 dias, totalizando 306 provas: 136 femininas, 161 masculinas e nove mistas. Um evento desse porte jamais seria possível sem o minério, que está presente desde a trave do gol até as medalhas olímpicas.
Nos últimos anos, a cidade investiu bastante em projetos de infraestrutura para a realização dos Jogos, que vão desde a construção e reforma de instalações esportivas até projetos de mobilidade urbana (que utilizam bastante minério).
Um item fundamental para que os Jogos Olímpicos aconteçam são os aviões, que transportam os atletas de seus países para o Brasil. Além de utilizar muito alumínio, uma aeronave também possui aço em seu revestimento externo e no trem de aterrissagem, devido à sua resistência e dureza. O titânio também é utilizado em conjuntos de painéis e da asa giratória, no sistema hidráulico e em outras peças. Outro item importante para a locomoção de atletas e profissionais durante o evento são os carros, que possuem corpo e estrutura de aço. Principal aposta para transportar os turistas aos jogos na Barra da Tijuca, o metrô conta com uma nova linha (a linha 4) e também utiliza metal. Os vagões são feitos de aço inoxidável e alumínio. As rodas ferroviárias, eixos, rolamentos também levam aço. O Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que integra o centro da cidade, o Aeroporto Santos Dumont e a zona portuária, tem 28 km de trilhos de aço.

Fonte: Vale

terça-feira, 19 de julho de 2016

Recursos da mineração vão para as contas da Minas Arena



O governo do Estado usou recursos da Contribuição Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem) para pagar as parcelas mensais do contrato de Parceria Público-Privada (PPP) do Mineirão com a Minas Arena no ano de 2013. A utilização dos recursos para esse fim foi considerada equivocada em um relatório técnico do Tribunal de Contas do Estado (TCE). O possível uso indevido de dinheiro público foi apresentado ontem, em Brasília, pelo deputado estadual Iran Barbosa (PMDB) na CPI da Máfia do Futebol da Câmara dos Deputados.
“Foram autorizados créditos da ordem de R$ 131,690 milhões, empenhados (realizados) R$ 81,167 milhões e pagos R$ 63,350 milhões, com a fonte 32 (Cfem), para a concessionária Minas Arena”, informa o relatório do TCE (confira os trechos ao lado). Segundo o Sistema de Informações Gerenciais e de Planejamento (Sigplan), o governo mineiro fez uso desses recursos entre março e junho e em dezembro de 2013.
Criada pela Constituição Federal de 1988, a Cfem deveria ter seus recursos empregados na recuperação do meio ambiente, no desenvolvimento da infraestrutura das cidades e na atração de novos investimentos e atividades, prioritariamente, nos municípios mineradores. É o caso de Mariana, na região Central do Estado, que teve distritos assolados pelo rompimento da barragem de Fundão, de propriedade da mineradora Samarco, em novembro do ano passado.
“Os mais de R$ 63 milhões desviados da Cfem para garantir o lucro da Minas Arena foram extraídos do Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema) e acabaram com a fiscalização de minerações, o que causou nada menos do que 20 estouros de barragem no Estado, entre eles, o maior desastre ambiental recente do Brasil, que é o desastre de Mariana. Esse valor representa 40% dos recursos da Secretaria de Estado de Meio Ambiente(Semad)”, ressaltou Iran Barbosa.
Na época, o Estado era governado por Antonio Anastasia (PSDB). Em nota, o PSDB garante que os recursos foram utilizados na forma como determina a legislação. “Infelizmente, o deputado Iran Barbosa, mais uma vez, mostra desconhecer completamente a lei. De acordo com a Lei 7.990/79 (art 8º), os recursos da Cfem não poderão ser aplicados apenas em ‘pagamento de dívida ou no quadro permanente de pessoal’”, explicou o partido.
O PSDB pondera ainda que, em 2013, as contas do Estado foram aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TRE) e referendadas pela Assembleia Legislativa. “Na época, o Tribunal apenas recomendou que o Estado cessasse o pagamento da contraprestação à Minas Arena com recursos da Cfem – o que foi feito”, explicou.
O laudo técnico do TCE contesta. “Ainda que a revitalização do Mineirão pudesse ser enquadrada nas hipóteses mencionadas, é expressamente vedada a utilização da Cfem para pagamento de pessoal e dívida”, diz o documento.

Implicações

Crimes. O desvio de recursos da Cfem pode enquadrar o gestor público nos crimes de peculato e emprego irregular das verbas ou rendas públicas, além de ação civil por improbidade e dano ao erário.

Atual governo está investigando o caso


O atual governo de Fernando Pimentel (PT) informou que possíveis irregularidades sobre o mau uso de recursos da Contribuição Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem) estão sendo apuradas.
“Informamos que eventuais irregularidades ocorridas em 2013, portanto, durante o governo de Antonio Anastasia, estão sob análise da Controladoria-Geral do Estado (CGE), a partir de um processo de apuração interno iniciado em novembro de 2015”, disse o governo, em nota assinada pela superintendência de imprensa.
“O governo do Estado mantém sob constantes apurações os relatórios relativos às Parceria-Público Privadas (PPPs). Os trabalhos estão em andamento e, tão logo concluídos, o relatório será remetido aos órgãos responsáveis e disponibilizado no site da CGE”, completou. (TN)

Nota do consórcio

Resposta. A concessionária Minas Arena informou que não é de sua alçada verificar a origem dos recursos das parcelas recebidas do governo do Estado.
Nota. “A Minas Arena desconhece a informação apresentada pelo deputado e não tem condições de indicar a origem dos recursos utilizados pelo Estado de Minas Gerais para o pagamento de contraprestações públicas, uma vez que o contrato de PPP não realiza tal vinculação e a concessionária não interfere nos processos internos de pagamento do poder público”, informou.

CPI quer apurar o que não se consegue em MG


Presidente da CPI da Máfia do Futebol, o deputado federal Laudivio Carvalho (SD-MG) promete empenho nas investigações das denúncias apresentadas pelo deputado estadual Iran Barbosa. “Nosso jurídico irá se debruçar nas denúncias e, se houver indícios de crimes, todas a documentação será encaminhada às autoridades competentes”, afirmou Laudivio.
Em Minas, Iran Barbosa alega estar tendo dificuldades para obter mais informações sobre a Minas Arena. A abertura de uma CPI sobre o Mineirão na Assembleia Legislativa naufragou por duas vezes nos últimos anos. “O que ele for conseguir, será por aqui”, reforça o deputado do Solidariedade. A expectativa de Barbosa é que a comissão federal aprove requerimentos que quebre os sigilos fiscal, bancário e telefônico de executivos da concessionária, além de convocações para prestar esclarecimentos. 

Fonte: OTEMPO

Conferência internacional de mineração debate os desafios tecnológicos do setor


A indústria da mineração vem enfrentando muitos desafios. Cada vez mais, as empresas precisam recorrer à inovação tecnológica para conseguir manter a competitividade e eficiência. Entre os dias 12 e 14 de julho, empresas líderes do setor se reuniram para falar sobre o tema durante a International SAP Conference for Mining and Metals. O evento foi realizado em Frankfurt, na Alemanha, e contou com a participação de profissionais da Vale.
Durante dois dias, mais de 300 profissionais do mundo inteiro se juntaram para debater sobre as melhores práticas do mercado. Quinze experts foram convidados a apresentar seus cases de sucesso. Um deles foi o gerente de Inovação Financeira da Vale, Helio Mosquim. Ele falou sobre a questão do orçamento integrado para a indústria de mineração e usou como exemplo a solução orçamentária praticada na Vale.
Outro profissional convidado a discursar no evento foi Sam Ghoneim, gerente de Sistema de Marketing e Processos de Negócios da Vale no Canadá. Na palestra, ele falou sobre o gerenciamento de preços e mecanismos de precificação de commodities e apresentou a alternativa implementada no Canadá. O exemplo foi utilizado para explicar quais foram os fatores de sucesso e as lições aprendidas e contribuir para o desenvolvimento do processo em outras empresas.
A Vale investe em inovação e tecnologia em busca de excelência operacional. Nosso objetivo é buscar as melhores práticas para poder oferecer os recursos minerais essenciais à vida moderna com responsabilidade e respeito ao meio ambiente.

Fonte: Vale

CPRM divulga ocorrência inédita de cobre e chumbo em Rondônia


O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) divulgou o Informe Técnico (número 7) sobre ‘Ocorrência inédita de Cu-Pb em gossan e brechas hidrotermais no Grupo Nova Brasilândia, Estado de Rondônia: resultados, perspectivas e interpretações preliminares’. O objetivo do informe é apresentar a descoberta de um novo alvo prospectivo encontrado durante o mapeamento de campo do projeto ARIM (Área de Relevante Interesse Mineral) Nova Brasilândia, localizado na região sudeste do Estado de Rondônia, cerca de 460 km ao sul da cidade de Porto Velho.
O trabalho de pesquisa foi executado pelos pesquisadores da Residência da CPRM de Porto Velho – REPO.A ocorrência, denominada P16 (latitude -11°48’6.372’’; longitude -61°29’53.700’’, datum SIRGAS 2000), consiste em crosta gossanífera e brecha hidrotermal rica em quartzo e óxido de ferro com aproximadamente 2,5 km de extensão e 500 m de largura, ambas associadas a teores elevados de Cu e Pb. Apesar dos baixos teores de Zn obtidos nas amostras analisadas, provavelmente devido a sua alta solubilidade nas condições de lateritização, o gossan e a brecha apresentam características texturais semelhantes às encontradas nos prospectos polimetálicos Pedra-Queimada e DM.O projeto ARIM Nova Brasilândia está focado no mapeamento geológico da Formação Migrantinópolis na escala 1:50.000, devido ao seu potencial para mineralizações sulfetadas polimetálicas. Os trabalhos em curso incluem, também, estudos petrográficos (incluindo microscopia eletrônica de varredura), litogeoquímicos e de difração de raios X das zonas mineralizadas conhecidas e que venham a ser descobertas, além de avançada modelagem geofísica para definição do arcabouço estrutural da região e dos controles das mineralizações.
Durante o desenvolvimento das etapas iniciais do trabalho foi descoberta uma nova ocorrência de Cu-Pb no local denominado P16, que dá nome à ocorrência. Os teores encontrados, até então relativamente baixos, porém anômalos, estão associados a rochas intensamente hidrotermalizadas, com abundantes óxidos de ferro e sulfetos oxidados, muito semelhantes em superfície àqueles que ocorrem mais a leste e já conhecidos.A característica da zona hidrotermalizada e sua extensão, além dos controles regionais, indicam que a Formação Migrantinópolis, em especial o contato com a Formação Rio Branco, constitui-se em uma unidade de elevado potencial para mineralizações sulfetadas polimetálicas, sendo, portanto, merecedoras de investigação por empresas privadas legalmente habilitadas.

Fonte: CPRM

Entenda o processo de dragagem no lago da Usina Hidrelétrica Risoleta Neves


No dia 4 de julho, a Samarco intensificou a dragagem dos primeiros 400 metros do lago da Usina Hidrelétrica Risoleta Neves (Candonga), em que estão sendo usadas duas dragas que, juntas, retiram do lago cerca de 5 mil metros cúbicos de rejeitos por dia. O processo de deslocamento das dragas teve início no dia 27 de junho, com o fechamento parcial das comportas da usina para a formação de lâmina d’água. A ação foi necessária devido ao pequeno volume de chuvas na cabeceira do rio e em função da pequena lâmina d’água existente no local impossibilitarem o posicionamento de dragas no local apropriado.
As comportas ficaram fechadas por cerca de 54 horas, o que elevou o nível do lago em aproximadamente 3 metros. Assim, a draga pôde chegar à distância de 400m do barramento, posição ideal para iniciar o processo de dragagem. Após esta etapa, tubulações ligaram a draga a áreas licenciadas e autorizadas por órgãos competentes para a deposição do material que será retirado do reservatório. Após o final da dragagem, essas áreas serão recuperadas e revegetadas com espécies de plantas nativas da região.
Serão dragados, nesta primeira etapa, 1,3 milhão/m3 de rejeitos, até junho de 2017. “Estamos empenhados na busca da melhor solução para os problemas gerados pelo acidente com Fundão. Entendemos que a dragagem de Candonga será um marco, não apenas para a volta à operação da usina, mas para as comunidades ribeirinhas rio abaixo”, afirma Rodrigo Abreu, coordenador das ações de dragagem.

Fonte: Samarco / Vale

Lei aprovada em Mato Grosso não vai gerar riscos para meio ambiente


Sobre análise da lei complementar 22/2016 que foi aprovada na Assembleia Legislativa na última semana, o membro da Comissão de Meio Ambiente da Ordem dos Advogados do Brasil seccional Mato Grosso (OAB-MT), Luiz Alfeu, explicou que as alterações não devem trazer riscos ao meio ambiente, tendo em vista que o novo molde estabelece a fiscalização antes da instalação de qualquer indústria mineradora na margem de rios.
“O parágrafo único alterado explica que a distância mínima poderá ser reduzida na análise do processo de licenciamento ambiental, sempre respeitando a faixa de preservação permanente, ou seja, antes de ser instalada ou extraída qualquer que seja o produto, os órgãos responsáveis deverão fazer um estudo minucioso e bem feito para só assim conceder a licença de instalação”, explicou o advogado.
De acordo com Alfeu, o licenciamento fará o estudo de impacto ambiental sempre prevalecendo o que for benéfico ao meio ambiente. “A empresa pode afirmar que tem capacidade de estar naquela distância sem causar danos ao meio ambiente, a partir daí ela deve comprovar isso. Após os estudos técnicos caso for comprovado o risco ou não, é que ela terá um parecer sobre o licenciamento”.
O projeto foi questionado após ter sido aprovado em uma sessão de urgência na última semana na Assembleia Legislativa. De acordo com o deputado Dilmar Dal Bosco (DEM) que elaborou a alteração, a nova versão reduz de 200 metros para 80 metros a base de extração de minério do leito de um rio. “A lei estipulava uma distância mínima de 200 metros, mas agora será permitido minerar há 80 metros de um leito de rio – que é a faixa de área de preservação permanente (APP)”.
Também foi aprovado na mesma sessão o projeto de lei complementar 19/2016, que altera a lei e deve dar facilidade na produção do setor madeireiro. O projeto dobra o período de validade da inscrição das áreas de extração de madeira no Cadastro de Consumidores de Produtos Florestais (CC-Sema). “O que fizemos nesse projeto de lei é prorrogar. Ao invés de um ano, o CC-Sema dura dois anos, assim ao invés de um ano de vencimento o histórico da madeira, vai para dois anos. Assim, não é que facilita, mas dá mais agilidade pro setor produzir.
Não precisa todo mundo ficar renovando e ter que esperar um mês, dois meses, três meses, quatro meses para produzir”, explicou Dal Bosco. A principal crítica quanto a aprovação dos projetos de lei complementar 19/2016 e 22/2016 que reduzem as exigências ambientais para o setor madeireiro e minerador, é que os trabalhos foram realizados mesmo após o presidente da Casa, deputado Guilherme Maluf (PSDB) ter feito várias sessões na semana anterior com a intenção de limpar para que o parlamento pudesse entrar em recesso branco.
Na realização das sessões – uma ordinária e duas extraordinárias, que concluiu o processo de tramitação dos projetos, não teve o registro da taquigrafia e nem a transmissão ao vivo na TV Assembleia. Os servidores não estariam presentes porque a sessão não estaria prevista.

Fonte: Sonoticías

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Projeto de reconstrução da praça de Barra Longa é concluído


Mais uma etapa do processo de recuperação do município de Barra Longa foi concluída. O projeto de reconstrução da Praça Manoel Lino Mol está pronto e o local será transformado em um espaço multiuso. Os moradores terão à disposição academia ao ar livre, pista de caminhada, jardins, parquinho para as crianças e até um espaço para apresentações culturais. O lançamento do projeto da praça foi festejado pela cidade.
O local recebeu uma placa com a marca das mãos de alguns moradores para representar a participação popular na elaboração do projeto. O plano de consulta “A praça que queremos”, que aconteceu entre os meses de fevereiro e março, foi essencial para que o espaço refletisse a vontade dos cidadãos e poder público local. No total, mais de 200 pessoas, entre crianças, adultos e idosos, participaram da iniciativa.
Além disso, 78 casas e 27 estabelecimentos comerciais já foram reformados e os trabalhos de limpeza e reconstrução de espaços públicos da cidade seguem acontecendo. Todas essas iniciativas reforçam o compromisso da Samarco com a recuperação das áreas impactadas pelo rompimento da barragem de Fundão. O objetivo principal dessas ações é dar condições e subsídios para que a população da região consiga voltar à vida normal.
Praça Manoel Lino Mol
A praça Manoel Lino Mol é a principal área pública de lazer da cidade e atende a pessoas de diferentes idades e classes sociais, favorecendo a integração da população local. Em função da localização central, sua recuperação é importante não apenas para a retomada da estrutura física do local, mas também pelo seu significado histórico.

Fonte: Samarco

Especialistas defendem mudanças no marco legal da mineração


Especialistas ouvidos pela Subcomissão Permanente de Acompanhamento do Setor de Mineração defenderam, nesta terça-feira (5), modificações na legislação no sentido de alavancar o crescimento do setor e aumentar a produtividade das indústrias voltadas à atividade. Mudança na base de cálculo da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), desburocratização para aproveitamento de recursos minerais da faixa de fronteira e do processo de pesquisa mineral foram alguns dos pontos citados pelos debatedores.

Royalties


O professor da Universidade de São Paulo (USP), Fernando Facury Scaff, criticou a forma como é tratada, no Brasil, a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) — espécie de royalty pago pelas empresas mineradoras a municípios, estados e à União pela exploração de jazidas.
Segundo ele, a contribuição não deveria ser pensada somente com uma “lógica arrecadatória”, mas sim como estratégia de desenvolvimento nacional. Para Scaff, é injusto que o tributo seja cobrado com alíquotas iguais, independente do local a ser explorado pelos grupos empresariais. Segundo ele, o país deveria incentivar a empresa interessada em extrair terras raras em locais com acesso mais difícil.
— Você tem que ter sistemas que permitam tratar desigualmente situações desiguais. Devia haver alguma fórmula na lei que não seja apenas arrecadatória, mas sim de desenvolvimento — disse.

Faixa de Fronteira


Em relação à pesquisa, lavra e aproveitamento de recursos minerais na faixa de fronteira, o coordenador da Comissão Jurídica do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Guilherme Simões, afirmou que há uma burocracia excessiva para que ocorra essa exploração.
Desburocratização, flexibilização das regras, banco de dados integrados entre órgãos do setor, investimento em tecnologia da informação, simplificação de processos e eliminação de restrições ao capital estrangeiro para exploração foram as principais mudanças que, de acordo com Simões, devem ser introduzidas na legislação vigente.

Agência reguladora


Outro ponto levantado foi o que trata da transformação ou não do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) em agência reguladora. O procurador chefe substituto do DNPM, Frederico Munia Machado, considera positiva a mudança.
Segundo ele, a descentralização com criação de agência reguladora é uma tendência mundial que, entre outras vantagens, confere maior autonomia administrativa e decisória, maior controle social e participação pública e mecanismo alternativo de solução de conflitos.
— No Brasil foi feito esse processo de descentralização e criação de agências na década de 90 e a mineração acabou ficando para trás. Foi criada uma autarquia, mas não avançou para a criação de uma agencia reguladora, o que, no meu ponto de vista, seria muito positivo – disse.
Como possível aspecto negativo, Frederico apontou que a descentralização aumenta o foco em resultados específicos ao invés de interesse público e ocorre um declínio na cooperação e coerência no setor público.

Terras indígenas


O professor da Universidade de Brasília (UnB), Adriano Drummond, disse ser preciso tratar da exploração mineral nas terras indígenas. Segundo ele, a falta de um marco legal que trate da situação provoca inúmeros conflitos, já que “as pessoas começam a explorar nessas áreas ignorando o mundo jurídico”.
Para o advogado William Freire, o Brasil deve aprender com a legislação estrangeira, mas é preciso atenção aos ajustes que devem ser feitos no seu próprio contexto cultural, administrativo e econômico. O advogado defendeu a manutenção do chamado “direito de prioridade” da empresa mineradora no acesso a riquezas minerais no subsolo por ela já explorado. Segundo ele, a União, a quem pertencem, constitucionalmente, os recursos minerais, tem todas as ferramentas e mecanismos para exercer o controle efetivo dessa riqueza. A seu ver, não é o regime de prioridade que fragilizará isso.
Presidente da subcomissão, o senador Wilder Morais (PP-GO) afirmou que os encontros são essenciais aos trabalhos legislativos, já que tratam de “contribuições de todas as áreas e setores envolvidos na atividade minerária”.

Fonte: Agência Senado

domingo, 3 de julho de 2016

Victor Hugo Froner Bicca é nomeado diretor-geral interino do DNPM

O presidente em exercício, Michel Temer, e o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, nomearam Victor Hugo Froner Bicca para exercer, interinamente, o cargo de diretor-geral do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). A nomeação está no Diário Oficial da União (DOU).
Temer também fez mudanças no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). No Incra, foi exonerado Richard Martins Torsiano do cargo de diretor de Ordenamento da Estrutura Fundiária e nomeado, para o lugar dele, Rogério Papalardo Arantes. No Ibama, saiu Márcio Rosa Rodrigues de Freitas da Diretoria de Qualidade Ambiental e entrou, em sua substituição, Jacimara Guerra Machado.
Ainda foram exonerados três diretores do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), além de Marden de Melo Barboza, que pediu para deixar o cargo de subsecretário de Integração Regional e Comércio Exterior da Secretaria de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda.

Fonte: IstoÉ

Assembleia quer proibir no Estado barragens como o Complexo de Germano


O modelo de mineração e a disposição de rejeitos hoje em Minas Gerais estão esgotados. Essa é a avaliação do promotor de Justiça do Meio Ambiente, Carlos Eduardo Ferreira Pinto, do Ministério Público Estadual, após a apresentação, nessa quinta-feira (30), do relatório da Comissão Extraordinária de Barragens da Assembleia Legislativa. O documento concluiu que a Samarco, Vale e BHP Billiton são responsáveis criminalmente pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, região Central, em novembro passado, e trouxe propostas para autorizar a atividade no Estado.
Foram apresentados dois projetos de lei que devem alterar os licenciamentos ambientais das barragens. O primeiro trata especificamente dos empreendimentos. Pelo texto, ficará proibida a construção de barragens de rejeitos com alteamento a montante, como é o caso do Complexo de Germano, em Mariana, e várias outras em Minas. Além disso, todos os empreendimentos passarão por novas fiscalizações e terão que, imediatamente, apresentar planos de emergência para acidentes como o ocorrido em Fundão.
“Esse método de alteamento estará proibido, como também a construção de barragens com menos de dez quilômetros de distância de ocupações urbanas e de mananciais de abastecimento de água”, explicou o presidente da comissão, deputado Agostinho Patrus.
Outro ponto será a obrigatoriedade da contratação, antes do licenciamento, de um seguro de responsabilidade civil para eventuais danos. “A intenção é evitar conversas como a de que a empresa não tem condição de arcar com as despesas ou, se ela não voltar a operar, não terá como bancar os danos. Isso é o que vem acontecendo”, disse o parlamentar.

Tributo

Já um outro projeto versa sobre os recursos arrecadados com a Taxa de Controle, Monitoramento e Fiscalização das Atividades de Mineração em Minas Gerais (TFRM). Atualmente, ela é dividida entre as secretarias de Estado e Desenvolvimento Sustentável (Semad), de Estado da Fazenda e, por fim, de Planejamento e Gestão (Seplag).
A intenção, com o novo texto, é que os recursos oriundos dela sejam integralmente destinados ao Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema). “Com a mudança teremos a injeção imediata de cerca de R$ 200 milhões no Sisema, o que vai melhorar a fiscalização e servirá para contratar e qualificar os técnicos responsáveis pelas vistorias”, avaliou Agostinho Patrus.
Além disso, também a partir dessa proposta, as empresas que escolherem outros métodos que não a construção de barragens para descartar os rejeitos de mineração, como a reutilização do material, terão incentivos fiscais.

Acordo

O deputado Rogério Correia adiantou que há um acordo entre os membros da Comissão Extraordinária e líderes de bancadas para que os projetos sejam aprovados rapidamente.
“Essas medidas marcarão uma nova fase na mineração em Minas. As empresas poderão pagar até 70% menos impostos, desde que invistam também em pesquisas de novas formas de se dispor os rejeitos. Essa barragem arriscada e perigosa, e que não é a primeira que se rompe no Estado, existe porque é mais barata. O critério não pode ser apenas o do lucro. Os critérios social e ambiental são fundamentais”, afirmou Rogério, que é relator da Comissão Extraordinária.

Multas pesadas

Uma das propostas de lei apresentadas ontem pela Comissão Extraordinária da Assembleia Legislativa também trata de questões financeiras, abrindo, por exemplo, a possibilidade de majorar as multas em até cem vezes durante processos judiciais. “A empresa tem direito de recorrer de qualquer multa sobre as irregularidades identificadas, mas se ela não estiver com a razão, terá que pagar mais”, disse o deputado Rogério Correia.

Operações em outro local

Por meio de nota, a Samarco informou que, no caso do acidente em Mariana, apresentou defesa contra a aplicação das multas e aguarda decisão administrativa. “A empresa enfatiza que o retorno operacional não está relacionado com o resultado do julgamento dessas defesas”, diz o texto. A retomada das atividades não prevê a utilização do local onde se localizava a antiga barragem de Fundão.

Fonte: Hoje em Dia

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Vale consegue licença prévia para construir barragem



Após iniciar o processo de licenciamento em 2011, a Vale teve o pedido de Licença Prévia (LP) para a construção da Barragem Maravilhas III aprovado ontem pela URC Rio das Velhas, do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), 11 conselheiros votaram a favor do parecer favorável à LP da Semad, quatro contra, e três não compareceram para votar.
Segundo a Vale, a barragem Maravilhas III permitirá a continuidade das operações das minas do complexo Vargem Grande, localizadas em Nova Lima, e da mina do Pico, em Itabirito. A nova estrutura, que fará parte de um complexo que conta com mais duas barragens “ocupará uma área de 44 hectares e deve ser implantada em três anos. A tecnologia de construção será a mesma utilizada em hidrelétricas de grande porte, com maciço em aterro controlado com solo compactado”, afirma a nota da mineradora.
Mesmo assim, grupos ambientalistas são contrários a construção da barragem. Segundo um documento do grupo “Água Vale Mais”, argumenta contra a construção, que a barragem terá capacidade para estocar cerca do dobro do volume que desceu da barragem de Fundão em Mariana. Em caso de rompimento, uma dos pontos atingidos seria uma área de captação de água da Copasa, que alimenta Belo Horizonte e a região metropolitana. Além disso, existem comunidades abaixo do local que estão a menos de 30 minutos da chegada da lama em caso de rompimento.

Dimensão

Dados do complexo Vargem Grande e da mina do Pico
Produção anual: 48 milhões de toneladas de minério.
Geração de empregos: 6.000 empregos locais.
Arrecadação em impostos: R$ 1,5 bilhão.

Moradores querem se mudar de local

Segundo o advogado dos condomínios Vale dos Pinhais e Estância Alpina, Tiago Louzada Gontijo, a aprovação da licença prévia para a construção da barragem Maravilhas III, reforça a ideia de que os moradores das comunidades próximas à área de construção devem se mudar do local. “Ninguém quer ficar na área com a barragem. A saída é a indenização. Resta saber se a Vale vai indenizar essas famílias”, explica o advogado. Segundo ele, a ideia da desocupação dos condomínios conta com apoio do Ministério Público de Minas Gerais.
Os condomínios, que reúnem cerca de 400 pessoas segundo Gontijo, estão em raio de menos de um quilômetro da área de construção da nova barragem da mineradora Vale. “Um deles ficaria a 300 metros da barragem. Para se ter uma ideia, Bento Gonçalves estava a seis quilômetros da barragem de Fundão”, diz.
Com a proximidade dos condomínios, a aplicação de medidas de proteção não surtiriam efeitos em caso de rompimento, na avaliação do advogado. “Nesses casos, não adianta ter sirene, não adianta ter plano de emergência, um rompimento causaria inundação imediata”, pondera. (LP)

Fonte: Vale

A corrida pelos elementos de terras raras pode ser desastrosa


A próxima corrida do ouro pode ser no espaço, mas os tesouros atraindo os garimpeiros modernos não vão virar joias de luxo. Esses tesouros são os metais de terras raras, um grupo de 17 elementos químicos, com nomes trava-língua como ítrio e túlio, que são usados em televisores, telefones celulares, laptops, carros, medicamentos de tratamento do câncer, isolamento de reatores nucleares, motores de avião e armas. Cobiçados por suas propriedades magnéticas e condutoras, eles tornam tecnologias mais rápidas, fortes, leves e eficientes.
“Sem os terras raras e as capacidades de miniaturização que eles fornecem, computadores teriam o tamanho de salas de aula, em vez do tamanho dos smartphones”, afirma, em entrevista ao site Phys.org, Julie Michelle Klinger, professora assistente de relações internacionais da Escola de Estudos Globais Frederick S. Pardee da Universidade de Boston e especialista em políticas de desenvolvimento, meio ambiente e segurança na América Latina e China.
Nos últimos anos, temores que as reservas destes elementos na Terra um dia sejam esgotadas têm ajudado a alimentar uma corrida para extraí-los, especialmente entre países como os Estados Unidos, China e Brasil. Especialistas destacam Bayan Obo, um distrito de mineração na Mongólia Interior apelidado de “a capital de terras raras do mundo”, que poderia ser extraído em 50 anos. Além disso, estão de olho fontes inexploradas, como a Amazônia, e até mesmo os asteroides no nosso sistema solar.

Nem tão raros assim


Klinger, cuja pesquisa sobre terras raras e a geopolítica em torno deles será publicada no livro “Rare Earth Frontiers” (Fronteiras de Terras Raras, em tradução livre), está menos preocupada.
Por um lado, segundo a cientista, elementos terras raras não são raros. Acreditava-se que estes seriam escassos quando foram descobertos na Suécia, no século XVIII, mas, na verdade, são “muito bem distribuídos na crosta da Terra”. “Poderíamos cavar ao longo das margens do rio Charles, em Boston e, provavelmente, encontrar alguns traços deles”, afirma.
De acordo com Klinger, terras raras compõem quase um quinto dos elementos que ocorrem naturalmente, e são mais de duas vezes mais abundantes que o cobre na crosta da Terra – nós não o consumimos tão rapidamente quanto o cobre. Isso porque os terras raras estão para a tecnologia assim como o bicarbonato de sódio está para cookies de chocolate: um pouco faz uma grande diferença. De acordo com um relatório da Adamas Intelligence, que publica pesquisas sobre metais e mineração, o consumo mundial de terras raras foi de pouco mais de 120 mil toneladas métricas em 2014; em comparação, o consumo de cobre chegou a cerca de 22 milhões de toneladas métricas.
O que preocupa Klinger é uma “escassez estrutural” de terras raras. Apenas um país, a China, produz a grande maioria dos elementos, e, enquanto recursos da China são abundantes, eles não são ilimitados, como demonstram as preocupações com fornecimento de Bayan Obo.
A pesquisadora afirma que a corrida espacial, em parte atribuída à busca de terras raras, é motivada, na verdade, por agendas políticas – uma oportunidade para países e empresas participarem de uma reivindicação de territórios anteriormente protegidos, ganhando riqueza e poder no processo. Sua pesquisa descobriu muitos exemplos históricos de países envolvidos em brinkmanship – uma estratégia que consiste em forçar uma situação inerentemente perigosa até à iminência de um desastre em vantagem própria – de alto risco envolvendo terras raras, e ela diz que alguns atores globais podem estar se preparando para fazer o mesmo novamente.
  • Mistério – o que acontece se você misturar todos os elementos da tabela periódica?
Porém, tal postura é desnecessária. A melhor maneira de manter nossos computadores portáteis sem sabotar as relações internacionais ou começar a minar asteroides seria mudar a forma como extraímos esses elementos atualmente – e outra pode ser parar de chamá-los de raros.

Descobertas explosivas


Quase tão logo os cientistas descobriram o que fazer com os terras raras, os elementos viraram essenciais na vida diária e na guerra. Na década de 1880, o cério foi usado para ajudar a criar a primeira lanterna a gás e mais tarde a “pedra do sílex”, que acende quando sofre um impacto e ainda hoje é usada em isqueiros, carros e armas. A pesquisa de Klinger mostra que à medida que o progresso tecnológico pede por mais e diferentes elementos terras raras, eles ficaram enredados na política e até mesmo em guerras. Quando a oferta da Escandinávia já não podia saciar os apetites das potências europeias famintas por recursos, mestres imperiais começaram a cavar terras coloniais em busca de mais.
Encontrar e dominar o acesso a terras raras se tornou ainda mais importante à medida que, quando chegou a Primeira Guerra Mundial, o cério se tornou essencial na fabricação de fusíveis e explosivos. Na década de 1920, segundo um artigo da cientista em “The Extractive Industries and Society”, o Japão imperial organizou Estados fantoches locais – Estados cujo governo depende de uma potência estrangeira e que segue os interesses econômicos e estratégicos dela – envolvidos em atividades de prospecção e assumiu indústrias pesadas e fábricas de munições na China para ganhar o controle dos recursos naturais do país, incluindo terras raras.

Corrida por elementos


As preocupações dos EUA sobre a oferta foram aliviadas em 1949 com a descoberta de uma mina em Mountain Pass, Califórnia, e entre 1960 e 1990, o país passou a ser o produtor dominante de terras raras. Mas logo seria ultrapassado pela China.
Na década de 1950, quando a China e a União Soviética estavam trabalhando para construir suas forças armadas, Bayan Obo recebeu tanto investimento, planejamento e especialização soviética que lançou as bases para que eventualmente emergisse como a capital de terras raras do mundo. A globalização também desempenhou um papel na ascensão de Bayan Obo; na década de 1980, as empresas de todo o mundo começaram a subcontratar aspectos da mineração de terra rara para a China para economizar dinheiro – e para evitar as regulamentações ambientais de seus países de origem.
A mineração de depósitos de terras raras, que tendem a se formar ao lado de elementos radioativos, é um trabalho difícil e confuso. Tubos utilizados para desviar os resíduos radioativos provenientes de locais de processamento correm risco de explodir – despejando ácidos, elementos que causam câncer e outros materiais nocivos no solo e águas subterrâneas. Na mina de Mountain Pass, segundo Klinger, um gasoduto estruturalmente instável e excepcionalmente longo estava sendo usado para desviar águas residuais contendo sais radioativos. Houve cerca de 60 derrames relatados entre 1984 e 1998.
Em 2000, Mountain Pass foi fechada depois de ser atormentada por violações ambientais e concorrência da China. O fechamento entregou o mercado dominante para a China – que na época detinha a mineração de mais de 95% das terras raras usadas em todo o mundo – que impôs quotas de exportação, o que irritou principais importadores como os Estados Unidos e o Japão. Uma década depois, o país parou de exportar terras raras para o Japão em retaliação a um conflito de fronteira marítima, que ajudou aumentar os preços em até 2000%.
“O mundo acordou para a sua dependência da China”, diz Klinger. “Isso desencadeou uma onda de especulação e de prospecção” em locais como a Groenlândia, Texas, Canadá e Brasil.
Hoje, com as tensões entre os Estados Unidos e a China aumentando por causa de hackeamento de informações e as disputas territoriais no Mar da China Meridional, a pesquisadora acredita que um conflito sobre terras raras poderia ajudar a levar os países a um confronto direto.
“Estamos em um momento muito crítico no que diz respeito às relações políticas e geopolíticas entre os EUA e a China”, afirma. “Há atores em ambos os lados que têm a intenção de engajar-se em discursos com ameaças bélicas e apontar uma razão ou outra pela qual o conflito entre os EUA e a China é inevitável ou necessário. Depender da China para os elementos terras raras simplesmente coloca mais lenha na fogueira”.
Em meados do século XX, os terras raras passaram a ser usados em armas mais sofisticadas: neodímio em mísseis balísticos intercontinentais e armas a laser; samário em reatores nucleares. A corrida para controlar a produção de terras raras tinha começado. Em 1948, a Índia deixou de exportar monazita – um mineral rico em terras raras e tório, uma fonte de energia atômica. Os Estados Unidos tentaram negociar com grãos para aliviar a fome do país, na esperança de ganhar um aliado na Guerra Fria. Mas a Índia recusou, esmagando as esperanças dos EUA de que um acordo ajudaria a conter a influência soviética no país asiático.

Riqueza e poder


A prospecção mundial provocada por restrições de exportação da China não é puramente a respeito da segurança nacional – ou até mesmo manter os telefones celulares e máquinas de raios-X do mundo ligados – de acordo com a especialista: é sobre poder. Para Klinger, criar mineração em grande escala na Amazônia, por exemplo, permitiria que o governo brasileiro tivesse maior controle sobre a terra atualmente gerida por uma federação de 28 grupos étnicos indígenas. “O poder da federação é visto como uma afronta à soberania do Brasil porque há uma percepção entre alguns, inclusive no governo federal e no Senado, que os povos indígenas são marionetes de governos estrangeiros, porque muito financiamento de organizações não governamentais do norte [das Américas] passou a apoiar essas populações indígenas e suas causas”, opina.
  • Elemento superpesado é descoberto e preenche buraco na tabela periódica
A corrida do ouro interestelar é um pouco diferente. Em novembro de 2015, o Congresso dos Estados Unidos aprovou a Lei do Espaço de 2015, que concede aos cidadãos o direito de extrair e vender o material espacial. A legislação foi motivo de alegria entre as empresas de mineração de asteroides que podem fazer uma fortuna extraindo água, metais industriais e terras raras através do espaço.
Estas empresas já deram o primeiro passo em direção à mineração. Em julho de 2015, a empresa Planetary Resources lançou uma sonda para testar sistemas de controle e outras tecnologias necessárias para a prospecção de asteroides. No mesmo ano, Klinger participou de uma conferência de mineração espacial em que representantes da indústria privada de exploração espacial estavam “invocando a raridade de elementos de terras raras e o fato de que nós estamos ficando sem eles aqui na Terra”.
Para a pesquisadora, a Lei do Espaço de 2015 é em grande parte uma tentativa de colocar o espaço sob a jurisdição dos Estados Unidos. “E se você conseguir atravessar a superfície sobre o espaço e a grande fronteira nas transcrições que discutem esta lei”, diz ela, “o que você vê é que isso realmente prejudica diretamente o Tratado do Espaço Exterior de 1967 assinado pelos Estados Unidos, Rússia e outros países”. Esse tratado consagra o espaço exterior como pertencente a toda a humanidade e foi explicitamente organizado para minimizar os conflitos no que diz respeito ao espaço exterior.
“Um dos debates mais potentes e persuasivos nos EUA em torno da promoção e passagem definitiva desta lei foi o medo de que a China ‘colonize’ a lua se não chegarmos lá primeiro”, conta. Ela espera que outros países não levem a Lei do Espaço a sério, porque, caso o contrário, poderia haver um conflito global.

Como desfazer os danos


Klinger acredita que há melhores maneiras de manter uma produção constante de terras raras do que o corte de floresta tropical ou enviar máquinas pesadas para o espaço. Em primeiro lugar, os esforços da China para reduzir a produção devem ser apoiados – isso iria ampliar o mercado e aliviar a carga ambiental do país. Após o pânico de 2010 provocado por restrições de exportação da China, a Organização Mundial do Comércio decidiu contra as quotas de exportação de terras raras da China, cimentando ainda mais o quase monopólio do país e contribuindo para a produção global altamente irregular feita de uma forma devastadora para o meio ambiente e para as pessoas.
Os efeitos deste tipo de extração estão sendo vistos em primeira mão em Bayan Obo. “Metais pesados, flúor e arsênico que se acumulam no solo e água da cidade por décadas de mineração têm lentamente envenenado residentes nas proximidades e seus animais”, escreveu Klinger na Revisão de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Berkeley de 2013. “Alguns verdadeiros habitantes são tragicamente reconhecíveis por sua pele empolada e dentes descoloridos”.
Isso não significa que Klinger quer espalhar os problemas de saúde por aí. A pesquisadora gostaria que a indústria mudasse o paradigma de obtenção de recursos, seguindo o exemplo da empresa brasileira CBMM, que tem o monopólio global do nióbio, um elemento usado principalmente em aço e outras ligas. A empresa desenvolveu tecnologia para extrair terras raras a partir de resíduos de mineração existentes. Klinger diz que, com a pesquisa, a tecnologia poderia funcionar em outros lugares – como minas de prata ou de fosfato – cujos resíduos incluem terras raras. Isso exigiria publicidade e investimento, juntamente com a pressão pública e incentivos fiscais para encorajar os principais compradores a pagar por terras raras mais ecológicos.
“Dada a importância dos elementos de terras raras para todos, o desenvolvimento de um meio ambiental e socialmente responsável de produzi-los é algo pelo qual nós realmente deveríamos estar trabalhando em conjunto”, explica. “E se nós nos encontramos em uma situação em que temos conflitos sobre recursos de terras raras que parecem com os conflitos em que estivemos envolvidos em relação aos recursos petrolíferos no Oriente Médio, terá sido absolutamente e inteiramente evitável – e absolutamente e inteiramente nossa culpa”.
Um primeiro passo para reavaliar a abordagem do mundo a respeito de terras raras, como aponta a especialista, pode ser simplesmente parar de chamá-los de raros. “Analisando as diferentes maneiras que os terras raras têm sido usados como moeda de troca nas relações internacionais – por exemplo, entre os EUA e a Índia durante a Guerra Fria, os EUA e a China na luta dos Estados Unidos contra o comunismo -, chamar essas coisas ‘raras’ as impregna com carga política”, diz Klinger. Reconhecer que não é necessário perfurar a Via Láctea para alimentar nossos celulares pode ajudar a manter a exploração espacial não focada no abastecimento da Terra, mas, sim, buscar mundos além dela.

Fonte: Phys.org