Uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), em Vitória, nesta terça-feira (31), questionou a mineradora Samarco sobre as ações já realizadas após o desastre ambiental no Rio Doce. O principal foco da reunião foi a manutenção do emprego dos funcionários da empresa.
Assim que a Samarco paralisou as atividades, pelo menos 1,2 mil funcionários foram afastados dos cargos. Eles continuam recebendo os salários, mas não há garantia de que vão voltar ao trabalho. Nesta terça, durante a audiência pública, o representante da mineradora anunciou que assim que as atividades forem retomadas, pelo menos 40% dos funcionários serão demitidos.
“Os empregados que serão desligados não são aqueles que estão de lay-off. A empresa vai se organizar para retomar sua operação com 60%, e então pessoas que estão no lay-off podem ser chamadas e pessoas que estão hoje fora do lay-off podem ser desligadas. Essa definição não está feita ainda”, explicou o gerente geral de Estratégia da Samarco, Alexandre Souto.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Espírito Santo, Roberto Pereira, acredita que não há a necessidade de demissões. “Existe espaço sim. Mesmo retornando com 60% das atividades, dá para permanecer com o quadro de 1,2 mil trabalhadores. Hoje a empresa não tem mais os terceirizados, não tem motivo para a empresa tomar essa decisão e desligar todos os trabalhadores. Nós temos certeza de que a empresa tem condições para manter os empregos”, falou.
O superintendente do Ministério do Trabalho no Espírito Santo disse que o órgão está mantendo o diálogo para tentar preservar os empregos. “O que a gente vai tentar negociar e avaliar são as possibilidades para que essas demissões sejam evitadas”, disse Alcimar Candêias.
O deputado estadual Nunes foi quem propôs a audiência. Ele disse que já conseguiu uma reunião com os deputados de Minas Gerais para esta quarta feira (1), para unir forças contra as possíveis demissões.
“A ideia é fazer uma Mesa Nacional, com os trabalhadores e a empresa, com o Ministério do Trabalho, para encontrar um formato para garantir esses postos de trabalho e ao mesmo tempo a retomada das atividades da empresa, tanto em Minas Gerais quanto no Espírito Santo”, falou o deputado.
Ações
Durante a reunião, a Samarco apresentou algumas ações que estão sendo feitas pela empresa. “A gente vem, desde o dia 5, fazendo todas as ações emergenciais. Independentemente da criação da fundação, tudo aquilo que foi acordado está sendo honrado por nós e também as expectativas do que a gente se compromete para o futuro”, explicou o gerente Alexandre Souto.
Mas para alguns deputados, o que vem sendo feito pela mineradora ainda é pouco se comparado ao prejuízo gerado pelo desastre ambiental.
“Já se passaram seis meses e até agora nós não vimos nada efetivamente sendo feito por parte da empresa. Não vemos uma dragagem, um desassoriamento, não tiraram a lama que está nas barragens. A gente precisa desses atos da empresa para que vejamos um comprometimento com a sociedade civil”, falou o deputado Rafael Favatto, da Comissão de Meio Ambiente da Ales.
Ministério Público Federal
O Ministério Público Federal recorreu na Justiça da decisão que criou um fundo de R$ 20 bilhões para a recuperação do Rio Doce. Para o Ministério Público, o acordo não garante a reparação integral dos danos e não contou com a participação do atingidos pelo rompimento da baragem da Samarco. Já a mineradora informou que vai continuar cumprindo com as ações estabelecidas pelo acordo.
Fonte: Exame
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