Em 2012, empresas premiavam seus funcionários que indicassem engenheiros para trabalhar, tal a falta de profissionais no mercado diante de uma demanda gigantesca para o setor de construção, principalmente. Quatro anos depois, o Sindicato dos Engenheiros de Minas Gerais (Senge-MG) calcula que as demissões dobraram, passando de 1.800 em 2012 para 3.600 em 2015.
Em 2016, a média permanece a do ano passado: 300 rescisões por mês. “Ainda há uma diferença muito grande nesses números, porque em 2012 as homologações eram troca de emprego, ou pedido de demissão do engenheiro para ir para outra empresa. Hoje, a gente faz homologação para um profissional sabendo que ele não vai conseguir recolocação nos próximos três ou quatro anos”, lamenta a coordenadora de homologação do Senge-MG, Alexandra Neimea Freitas.
Para o diretor do sindicato, João José Magalhães Soares, a crise da engenharia tem dois principais causadores: a operação Lava Jato e o corte de investimentos do setor público. “O governo não sabe separar a empresa do executivo que cometeu o crime. O certo seria punir a pessoa e deixar a empresa trabalhar”, avalia. O corte dos investimentos públicos também preocupa o dirigente. “Além das grandes empreiteiras paralisadas, que causam um efeito dominó no setor, os investimentos públicos não existem. Não tem licitação, não tem obra, as máquinas estão paradas”, acrescenta Soares.
Um estudo da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) e do Sindicato da Indústria da Construção Pesada de Minas Gerais (Sicepot-MG) mostra que, no Estado, a participação do setor público no faturamento das empresas da construção pesada é de 66%. E o principal problema enfrentado em março de 2016 – para 72% dos entrevistados – era oferta insuficiente de obras. “O modelo para enfrentar a crise está falido. É só corte de investimentos e aumento de arrecadação”, reclama Emir Cadar Filho, presidente do Sicepot-MG.
Sem perspectiva. Diante da crise da profissão, estudantes de engenharia repensam o futuro. “Não temos pressa nenhuma para formar. Quando entramos, engenharia de materiais era o curso do futuro, mas hoje está difícil conseguir estágio”, conta a estudante do Cefet-MG Laís Henriques, 22, que está no nono período do curso.
Setores tradicionais são os que demitem
Os setores que mais demitiram engenheiros nos últimos quatro anos foram mineração, siderurgia e construção civil, segundo avaliação da coordenadora de homologação do Sindicato de Engenheiros dos Minas Gerais (Senge-MG), Alexandra Neimea Freitas. “Até em função da tradição da economia mineira, essas áreas foram as que mais demitiram”, explica.
Segundo ela, as demissões na mineração foram as primeiras a acontecer. “É um mercado que já vem em crise desde 2013”, afirma. “Neste ano, porém, a construção civil está se destacando. Se na siderurgia e na mineração as demissões já tinham começado, neste ano a maioria das perdas foram na construção civil”, lamenta Alexandra.
Entre os razões que afetam essas áreas, Alexandra cita o desaquecimento da economia mundial, que diminuiu a demanda tanto do aço quanto do minério. Uma melhora no preço do minério de ferro é citada como positiva. “Com isso, algumas contratações podem acontecer”, diz. (LP)
Fonte: O TEMPO
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