Cerca de mil homens já retornaram ilegalmente ao garimpo na Serra do Caldeirão, em Pontes e Lacerda, no interior de Mato Grosso, um mês após a Polícia Federal desocupar a área e implodir túneis arriscados, formados pela desordenada escavação no local.
Este garimpo ilegal vem sendo chamado de “Nova Serra Pelada”, porque, no local, que fica em uma região de fronteira entre Brasil e Bolívia, estão sendo encontradas pepitas de ouro raso, um atrativo para “aventureiros” de diversos locais do País em busca de enriquecimento.
A escavação já está novamente a todo vapor na área, que, no auge, chegou a ter 5 mil habitantes acampados em uma vila informal no “pé” da Serra.
Devido às escavações “frenéticas”, um barranco chegou a ruir, ferindo cinco garimpeiros. Autoridades locais chegaram a admitir que o resultado poderia ter sido fatal, se tivesse ocorrido soterramento.
Dia 10 de novembro, com a Operação Terra do Nunca, a PF desocupou a área quase que totalmente. A maioria dos braçais foi embora para casa. Oito dias depois, alguns insistentes foram presos, acusados de liderar o garimpo, mediante uso de arma de fogo e coação. Entre os líderes, a PF apontou policiais civis e militares e um militar reformado do Exército.
Ao Terra, a Polícia Federal informou, através da Assessoria de Imprensa, que aguarda decisão judicial para fazer nova desintrusão. Ainda há agentes à paisana na cidade de Pontes e Lacerda, que têm conhecimento do que está acontecendo. A nova expulsão deve ser determinada pela Justiça, dentro de ação inicial, proposta pelo Ministério Público Federal, que tramita na Comarca da cidade vizinha, Cáceres.
O prefeito de Pontes e Lacerda, Donizete Barbosa do Nascimento (PSDB), se diz preocupado. “Não sabemos onde isso vai dar”, explica ele, que, assim como outras autoridades locais, estão todos proibidos de subir a Serra do Caldeirão. Sobre o clima de tensão e violência, ele destaca que houve assaltos em série a residências na semana passada, mas não tem como confirmar se isso tem relação com o retorno dos “aventureiros”. Há também preocupação com a prostituição, inclusive de menores de 18 anos.
Há uma tentativa política de regularizar a área, capitaneada pelo prefeito e alguns deputados estaduais, mas o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), que autoriza qualquer exploração do subsolo no País, ainda não deu aval a uma cooperativa de braçais que está se formando e pretende atuar no local.
A cooperativa disputa com uma multinacional que, com antecedência, fez o mesmo pedido de exploração.
Fonte: Terra
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