O mundo mineral brasileiro intuía, muitos sabiam, mas poucos tinham coragem de falar que a corrupção estava instalada, há décadas, nas entranhas do Ministério de Minas e Energia (MME) e no DNPM. Há dez anos, a PF já havia iniciado suas investigações sobre crimes praticados dentro do DNPM.
Na Operação Carbono, de 2006, que causou a exoneração do diretor do DNPM de Minas, supostamente envolvido em esquema de comércio e contrabando clandestino de diamantes, percebia-se que nem tudo no DNPM e no MME era legítimo. Ainda em 2006 a PF prendeu o superintendente do DNPM do Paraná, também acusado de envolvimento no tráfico ilegal de pedras preciosas e na emissão fraudulenta de certificados Kimberley.
Mais e mais o nome do DNPM era manchado por poucos criminosos que o usavam para benefício próprio. Mas nem só de diamantes viviam os corruptos que mamavam o DNPM. No Pará, os descalabros, supostamente feitos pelo ex-superintendente do DNPM, com amparo de políticos influentes do PMDB, eram conhecidos de quase todos os que necessitavam do órgão. A roubalheira foi tanta que chegou aos ouvidos da Polícia Federal.
Foi então criada mais uma operação: a Grand Canyon. Esta megaoperação levou à prisão o ex-superintendente do DNPM do Pará e parte de seu grupo criminoso que achacava os mineradores cobrando propinas para favorecimentos e autorizações de títulos minerários no estado.
Aos poucos os criminosos que haviam invadido o DNPM começavam a ser desmascarados. O que a PF finalmente está desvendando é, que vários níveis hierárquicos do órgão e do MME haviam sido comprometidos.
A medida que novos casos eram divulgados, mais se ouvia falar do impensável, de possíveis participações no esquema criminoso pelo próprio ministro de minas e energia Edison Lobão. Foi quando o foco da polícia se voltou para o topo da pirâmide do próprio MME e o ministro começou a ser, também, investigado.
Lobão, que se popularizou como um péssimo ministro cujo legado é o caos e a quebradeira geral que assola a mineração e a pesquisa mineral brasileira, parecia estar intimamente envolvido em vários casos de corrupção.
O nome dele era mencionado em escabrosos casos nas ilhas Cayman e Serra Pelada de propinas e desmandos. Mas, somente agora, a PF parece ter a documentação que prova a participação de Lobão, e seu filho, em esquema de propinas na área da energia.
Com essas provas constata-se o que muitos sabiam: o Ministério de Minas e Energia estava contaminado pela corrupção sistêmica e o próprio ministro se lambuzava no dinheiro da propina.
A casa de Lobão foi invadida pela PF e o seu sigilo fiscal e bancário quebrado. O homem forte do PMDB do Maranhão caiu em desgraça e, hoje, todos se afastam de Lobão como se o senador fosse um cão leproso.
É a confirmação clara e chocante do nível de comprometimento do mais importante órgão da mineração do Brasil. Superintendentes, técnicos e até o próprio ministro usavam da sua posição privilegiada para roubar a mineração e a sociedade brasileira.
Fonte: Geólogo
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