segunda-feira, 18 de abril de 2016

Preço em queda causa demissão em mineradoras no Brasil


Os cerca de 400 funcionários da mineradora australiana Mirabela, que explora níquel na região desde 2012, foram colocados em aviso prévio e serão demitidos até maio. Outros 600 já haviam sido desligados ao longo dos últimos dois anos. A desativação da mina é resultado do cenário de queda de preços das commodities no mercado internacional, que está forçando mineradoras a encerrar suas atividades temporariamente e demitir trabalhadores.
O problema atinge níquel, vanádio, cobre, minério de ferro, entre outros, e consequentemente reduz o faturamento das mineradoras. ”Estamos inseridos num ciclo de baixa nos preços dos minérios, o que força os produtores com custos mais elevados a sair do mercado”, afirma Felipe Deraldi, analista da Tendência Consultoria. No Brasil, a alta do dólar se somou a fatores externos, como o aumento da oferta global de commodities e a redução da demanda da China, um dos principais consumidores de minérios.

ALTAS E BAIXAS

Os dados de comércio exterior mostram bem esse cenário: a despeito de incremento do volume exportado, o valor movimentado despencou. No período entre janeiro e março, o setor de mineração registrou US$ 2,7 bilhões em exportações neste ano, ante US$ 4,5 bilhões no mesmo período de 2015 e US$ 7,6 bilhões no do ano anterior.
No caso específico do níquel, somente em 2015 houve queda de 40% nos preços no mercado internacional. Esse cenário fez com que a operação de parte das minas se tornasse inviável. Além da Mirabela, na Bahia, a Votorantim Metais também fechou minas neste ano em Niquelândia (GO) e em São Miguel Paulista (SP), com 800 trabalhadores demitidos.
Com isso, o setor de extração mineral acumula saldos negativo de vagas criadas desde 2014, quando esse dado foi de -2.557, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). No ano passado, chegou a -14,1 mil. Bem diferente dos saldos positivos de anos anteriores –em 2011, foi de quase 20 mil empregos.
As empresas que não estão demitindo buscam alternativas para reduzir custos. Com uma mina em Jaguarari, sertão da Bahia, a Mineração Caraíba –uma das maiores produtoras de concentrado de cobre do Brasil– protocolou um pedido de recuperação judicial em fevereiro. Além da queda no preço do cobre, a mina foi atingida por fortes chuvas em janeiro, com danos à estrutura de extração. Sem recursos para normalizar as operações, a empresa reduziu a produção a um terço e até diminuiu o horário de expediente.

TERRA ARRASADA

Na cidade de Itagibá, o fechamento da mina de níquel da Mirabela começa criar um cenário de “terra arrasada”. A arrecadação com tributos da prefeitura já despencou de R$ 3,5 milhões para R$ 2 milhões anuais. Somente no ICMS, o total caiu de R$ 600 mil para R$ 400 mil. ”Foi um baque”, diz o prefeito Marcos Barreto (PCdoB), que considera o novo contingente de desempregados como o principal problema a ser enfrentado. Cerca de 90% do quadro de funcionários é formado por trabalhadores da própria região.
Sem experiência prévia no setor de mineração, a maioria dos demitidos busca emprego em outras áreas ou migra para a informalidade. ”A oferta de empregos na região é muito pequena. Quem foi demitido está se virando como pode”, diz Gilmar Oliveira, presidente do sindicato Metabase, que representa os trabalhadores da mineradora na região.

Fonte: Portos e Navios / Folha de São Paulo

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