A mineradora Vale, maior produtora global de minério de ferro, relatou nesta quinta-feira que sua oferta atingiu um recorde de 345,9 milhões de toneladas da commodity em 2015, com alta de 4,3 por cento ante o ano anterior, apesar do desastre da Samarco em novembro que limitou a produção na cidade mineira de Mariana.
Disputando mercado com suas rivais em ambiente de preços baixos, a Vale superou a meta de 340 milhões de toneladas prevista para o período, que inclui compras de terceiros, com recordes de produção em outros sistemas, como Carajás, que está com novas unidades em operação.
No quarto trimestre, a Vale reportou produção de 88,411 milhões de toneladas, excluindo a oferta atribuível à Samarco e incluindo compras de terceiros, alta de 2,4 por cento ante o mesmo período do ano anterior.
No entanto, a oferta total representou uma queda de 2,6 por cento em relação ao terceiro trimestre de 2015, quando a mineradora registrou recorde histórico, com a produção em Mariana recuando mais de 30 por cento no quarto trimestre, para 6,3 milhões de toneladas.
A Vale paralisou a produção em algumas minas após o desastre na Samarco, em movimento que se somou a cortes de extração em operações menos eficientes, em meio aos baixos preços do minério de ferro.
O incidente da Samarco ocorreu em momento que o mercado está sendo afetado por um aumento da oferta de grandes produtores e pela desaceleração econômica da China.
O minério de ferro, por exemplo, atingiu mínima de uma década de 37 dólares por tonelada no final do ano passado. Nesta semana, o produto para entrega imediata foi negociado em torno de 46 dólares, segundo o The Steel Index (TSI).
As ações preferenciais da Vale operavam em baixa de 1,75 por cento por volta de 11:15, enquanto o Ibovespa recuava 0 a,70 por cento.
ABAIXO DO ESPERADO
A enxurrada de lama que vazou com o colapso da barragem da Samarco –joint venture formada pela Vale em parceria com a anglo-australiana BHP Billiton– atingiu uma correia transportadora da Vale próxima ao local, reduzindo o ritmo de produção em minas da região.
Desde o rompimento da barragem, segundo a Vale, a mina de Alegria opera com um processo de beneficiamento a seco, e com menor produtividade. Já a planta de Timbopeba parou a produção em função da destruição da correia transportadora, que fornecia produção da mina de Fábrica Nova. A mina de Fazendão interrompeu a sua produção com a parada nas operações da Samarco.
O Citi destacou em relatório que a produção da Vale, excluindo o minério adquirido de terceiros e a produção atribuível à Samarco, no quarto trimestre, ficou 5 por cento abaixo do previsto pelo banco, devido a uma perda maior do que a esperada em Mariana.
A produção da Vale –excluindo o minério de ferro adquirido de terceiros e a produção atribuível à Samarco– foi de 85,4 milhões de toneladas no quarto trimestre, queda de mais de 3 por cento ante o trimestre anterior.
“A desvantagem veio de perdas maiores do que o esperado decorrentes da tragédia da barragem da Samarco (Sistema Sudeste), e paradas previamente anunciadas de minas de custo mais elevado (Sistema Sul)”, afirmou.
COMPENSAÇÃO
“A fim de compensar esta perda de produção no complexo de Mariana, ações mitigatórias foram imediatamente implementadas para melhorar a performance em outras operações”, afirmou a empresa, frisando que foi possível atingir metas planejadas.
A Vale elevou a produção em outros sistemas produtores de minério de ferro, como Carajás, a principal unidade produtora.
A produção de Carajás atingiu o novo recorde de 36,5 milhões de toneladas no quarto trimestre, ficando 4,8 por cento acima do quarto trimestre, principalmente devido ao ramp-up das minas de N4WS e N5S e à melhor utilização da capacidade da Planta 2.
SAMARCO
A produção atribuível de “pellet feed” da Samarco, principalmente dedicada à produção de pelotas, no quarto trimestre, foi de 1,6 milhões de toneladas, queda de 60 por cento ante o trimestre anterior e também de 60 por cento ante um ano antes, devido à interrupção da produção por causa do rompimento da barragem de Fundão.
Fonte: Reuters
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