A crescente produção de biodiesel no Brasil começa a causar certas preocupações no que tange aos seus rejeitos. Uma das principais delas é a glicerina residual. Estima-se que para cada 100 litros de biodiesel produzidos, restam 10 litros de glicerina como resíduo, o que ativa um alerta do ponto vista ambiental.
O Brasil produz, atualmente, cerca de 120 mil m³ de glicerina residual ao ano pela transesterificação do biodiesel e consome aproximadamente 10 mil m³ desse subproduto virgem produzido pelos métodos convencionais. Parte desta glicerina pura é utilizada, principalmente, na indústria de cosméticos, farmacêutica, têxtil e embalagens. Este mercado, porém, possui uma capacidade limitada de absorção da glicerina residual.
Este cenário levou a UFMG a realizar a pesquisa “Novas rotas para a transformação da glicerina, rejeito do biodiesel, em produtos para aplicação tecnológica e de valor agregado”, que foi premiada no Brasil e no exterior e foi coordenada pelo professor Rochel Lago. Segundo ele a pesquisa possui duas premissas: “a primeira que não poderíamos ter com este produto nenhuma aplicação muito refinada, como cosméticos ou fármacos, porque estamos trabalhando com um rejeito. E o segundo ponto é que precisaríamos consumir muita glicerina, por causa da grande quantidade do rejeito e descobrimos uma aplicação muito interessante na mineração”, conclui.
O Produto
A pesquisa resultou no denominado supressor de poeira. Segundo a H2O Especialidades Químicas, empresa que fabrica o supressor, o produto é o único disponível no mercado desenvolvido a partir de fontes renováveis, e atende com economia, praticidade e sem agredir ao meio ambiente às demandas dos segmentos de mineração, siderurgia e cimento, entre outras, no armazenamento e no transporte do pó de minérios e outros particulados finos.
Para Lago, são muitas as vantagens ambientais da nova tecnologia. “O supressor de poeira apresenta níveis baixíssimos de toxicidade. É solúvel em água, e 100% derivado de fontes renováveis, além de não interferir nas propriedades físico-químicas das matérias-primas nas quais foi aplicado”, afirma.
Como funciona?
Aspergido sobre a superfície a ser trabalhada, o supressor cria uma película sobre o pó, por exemplo, o pó de minério durante o transporte em vagões, evitando sua dispersão na atmosfera, reduzindo em até 90% as perdas provocadas pela ação do vento ou por outros fenômenos meteorológicos no armazenamento e no transporte. Isso provoca uma melhor qualidade de vida às comunidades que estão próximas às linhas férreas ou trabalhadores de indústrias que trabalham com particulados.
No mercado
Segundo a Gerente Comercial da H2O, Núbia Corgozinho, o Superssor de Poeira já está sendo produzido e vendido no mercado, porém, a empresa já identificou um mercado maior para atender: “Nossa capacidade de produção é aproximadamente 4 toneladas/dia, é considerado um volume pequeno para a capacidade de mercado que o nosso produto tem. No momento estamos prospectando novos investimentos e, assim, ampliar a nossa capacidade de produção”.
A H2O foi criada em 2008 e foca no desenvolvimento de soluções voltadas à sustentabilidade e à proteção do meio ambiente. Sua atuação é abrangente em projetos que envolvem a preservação e racionalização do uso da água e o tratamento adequado e despoluição dos mananciais e efluentes.
Fonte: Simi
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