O acordo firmado entre a brasileira Vale e a australiana Fortescue, duas das principais mineradoras do mundo, pode tornar a oferta mais atrativa para siderúrgicas chinesas, melhorando e adaptando a qualidade com menores custos, disseram agentes do mercado de aço na China e operadores.
As duas empresas, junto com Rio Tinto e BHP Billiton, respondem por mais de 70% das exportações globais de minério de ferro, que em grande parte são destinadas à China.
As quatro mineradoras estão numa corrida para cortar custos após uma queda de quase 70% nos preços do minério nos últimos três anos, e agora poderão ser as maiores favorecidas com a recente alta das cotações.
Como parte do acordo em discussão, Vale e Fortescue planejam misturar até 100 milhões de toneladas do minério que produzem para a China, tendo como resultado um produto de referência preferido pelas siderúrgicas locais.
“Não é uma má ideia. Não é fácil julgar os resultados, mas no momento não tenho razões para ser contra isso”, disse o vice-secretário-geral da Associação de Ferro e Aço da China e também presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento da Indústria Metalúrgica da China, Li Xinchuang.
A Vale produz um dos minérios de ferro de melhor graduação no mundo, mas há tempos reclama que não obtém no mercado os preços que acharia justos pela qualidade de seus produtos.
“O problema da Vale, especialmente com a demanda estagnada, é que os compradores chineses não ligam muito para seu minério de nível superior”, disse um operador de uma trading ocidental.
Misturar seu minério com o de menor qualidade da Fortescue poderia dar à Vale uma fatia de mercado valiosa em um ambiente competitivo e sem crescimento. A nova mistura poderia reduzir a graduação de ferro para um padrão médio, em um momento em que a China cresce no menor ritmo em muitos anos e torna-se menos dependente de grandes volumes de energia e matérias-primas.
“Nós normalmente compramos o minério com as graduações originais, mas se ele for mais barato, ainda iremos considerar comprá-lo”, disse o presidente da empresa privada Shandong Shiheng Special Steel Group, Zhang Wuzong.
O presidente-executivo da Fortescue, Nev Power, disse que as misturas ocorrerão nos portos da China, acrescentando que as negociações para isso já estão em andamento.
Fonte: G1
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