segunda-feira, 7 de março de 2016

Commodities dão impulso a nova alta nos mercados emergentes



Os mercados emergentes, que despencaram no ano passado, tiveram uma forte alta nas últimas semanas, ajudados por uma recuperação nos preços das commodities e uma confiança maior de que o banco central americano não vai elevar os juros tão cedo. A reviravolta está fortalecendo vários ativos. As ações dos mercados emergentes já subiram 12% desde a última semana de janeiro, segundo o índice de mercados emergentes MSCI.
A alta anulou grande parte da queda sofrida devido a uma venda generalizada desses papéis no começo do ano. Moedas como o peso mexicano e o rublo russo se valorizaram cerca de 8% e 15% em relação ao dólar, respectivamente, comparado a suas mínimas recentes. O real subiu 10,6% desde a mínima registrada em 21 de janeiro. Durante os dois primeiros meses deste ano, os mercados de renda fixa dos países emergentes registraram uma entrada líquida de US$ 5 bilhões, segundo o Instituto de Finanças Internacionais.
O índice de títulos de dívida em moeda local do banco J.P. Morgan Chase & Co. avançou 3,1%, depois de ter caído quase 15% no ano passado. A alta de uma semana, uma das maiores que os mercados emergentes experimentaram durante um período de quedas severas em vários ativos, ocorre apesar da desaceleração do crescimento e das dívidas pesadas da maioria desses países. A disposição dos investidores de apostar em mercados emergentes ilustra o quanto os gestores de recursos estão buscando retornos mais altos, numa época em que os bancos centrais da Europa e do Japão empurram algumas de suas taxas de juros para valores negativos e os rendimentos dos títulos americanos continuam próximos a mínimas recorde.
A tendência também mostra como alguns investidores temem que perder essa alta possivelmente passageira pode deixá-los para trás dos seus pares e dos índices de referência do mercado. “A grande maioria dos investidores em mercados emergentes acha que os fundamentos não são positivos”, diz Daniel Tenengauzer, diretor-gerente da RBC Capital Markets. Entretanto, “se você administra uma carteira, você não pode se dar ao luxo de ficar de fora. As pessoas estão dizendo: ‘Mesmo que eu não ame os fundamentos, tenho que entrar’”.
Alguns, por outro lado, dizem que os mercados emergentes continuam sendo um campo minado, propensos a reversões violentas quando o sentimento dos investidores mudar. O crescimento econômico na maioria dos mercados emergentes perdeu força, prejudicado pelo menor apetite chinês por commodities. Em 2015, a economia brasileira sofreu sua maior contração em 25 anos, recuando 3,8%. A Rússia foi atingida por uma combinação de preços baixos do petróleo e sanções internacionais. A África do Sul, um grande exportador de minerais, está às voltas com uma alta no desemprego e no déficit orçamentário.
Os investidores também se preocupam com os altos níveis de dívidas em dólar nos países em desenvolvimento. A agência Standard & Poor’s Ratings Services afirma que a inadimplência corporativa nos mercados emergentes subiu no ano passado para seu maior nível desde 2004. O Banco de Compensações Internacionais estima que havia US$ 1,1 trilhão em títulos de dívida em dólar de empresas não bancárias de mercados emergentes no terceiro trimestre de 2015, mais do dobro do volume registrado sete anos atrás.
Enquanto isso, o governo chinês pode ser forçado a desvalorizar o yuan, como consequência da debandada de capital do país ou para estimular a economia. Tal medida poderia causar turbulência se outros países forem compelidos a enfraquecer suas moedas para se manterem competitivos. Além disso, incertezas políticas assolam mercados no Sudeste Asiático e na América do Sul, inclusive no Brasil. E se o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, elevar seus juros no fim deste ano ou em 2017, as notas do Tesouro do país poderiam se tornar mais atraentes em relação aos bônus de maior rendimento, mas maior risco, de mercados emergentes.
As altas observadas em mercados emergentes nos últimos anos tiveram curta duração, geralmente perdendo fôlego quando os preços das commodities despencaram. Ainda assim, alguns investidores veem razões para otimismo. “No agregado, as moedas de mercados emergentes estão no seu nível mais barato em 20 anos”, diz Jens Nystedt, gestor de portfólio de renda fixa de mercados emergentes na Morgan Stanley Investment Management. Mais notavelmente, a recuperação dos preços do petróleo, metais e outras matérias-primas fortaleceu os países exportadores de commodities e acendeu as esperanças de que o setor finalmente tenha deixado o pior para trás.
Os preços do petróleo já subiram quase 39% ante as mínimas atingidas em janeiro, enquanto dos do cobre e do açúcar acumulam alta de 17%. A crença de que o Fed não vai aumentar os juros em breve também pode frear a alta do dólar e dar impulso às moedas de mercados emergentes. Investidores continuam retirando seu dinheiro de ações de mercados emergentes neste ano, mas isso pode estar mudando. A saída líquida caiu de US$ 6,9 bilhões em janeiro para US$ 1,1 bilhão no mês passado, segundo o Instituto de Finanças Internacionais.
Ele diz que elevou sua exposição a mercados emergentes nos últimos meses, tendo comprado títulos de dívida de países como Chile, Polônia e Tailândia. Um portfólio agregado de dívida de mercados emergentes em moeda local deve render cerca de 7% em 2016 se os preços do petróleo continuarem nos níveis atuais.

Fonte: WSJB

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