quarta-feira, 9 de março de 2016

Economistas mostram cautela diante de rali do minério de ferro



O preço do minério de ferro subiu quase 20% na segunda-feira, com investidores apostando que a China estimulará sua economia e impulsionará a demanda por esse componente. Nesta terça-feira, o minério de ferro avançou 1,1% no mercado à vista chinês, para US$ 63,3 a tonelada seca, segundo dados do The Steel Index.
A alta da segunda-feira foi a maior da série histórica iniciada em 2009 e ocorreu após o governo chinês dizer no fim de semana que enfatizará o crescimento em vez da reestruturação econômica neste ano. A notícia se somou ao otimismo sobre a demanda chinesa, que apoiou os metais industriais, do cobre ao estanho, os quais reagiram de mínimas em vários anos nas últimas semanas. Outras commodities, como o petróleo, também têm mostrado trajetória recente positiva.
Nem todos, porém, estão convencidos de que esses ralis se sustentarão. Os ganhos no minério de ferro e em alguns metais podem ser excessivamente dependentes da expectativa de estímulos chinesas que podem não acontecer, advertem analistas.
Ainda que a demanda chinesa pelo minério de ferro e alguns metais da indústria seja robusta, isso ocorre em boa medida porque o país aproveita os preços mais baixos para fazer estoque, ponderam alguns economistas. Sem um impulso substancial na demanda da indústria, acrescentam eles, os preços recuarão novamente, a menos que o estímulo chegue.
Enquanto isso, os preços mais altos encorajam mineradoras a adiar cortes na produção que iriam retirar excesso de oferta desses mercados.
“Nós não temos evidência suficiente para sugerir uma reação. Não estamos vendo uma grande elevação nas compras [no mercado físico]“, disse Robin Bhar, analista de metais do Société Générale. Para Bhar, essa alta recente se deve à cobertura de posições de investidores que haviam apostado na queda do preço, mas agora recuam dessa estratégia para evitar potenciais prejuízos.
O minério de ferro avança cerca de 70% desde que atingiu o patamar mais baixo em mais de uma década, a US$ 37 a tonelada, em 11 de dezembro.
Na China, há expectativa de que o foco na economia fique progressivamente menos no setor industrial e mais no de serviços, o que pode significar um freio no crescimento global neste ano e no próximo. Mas o minério de ferro e outros metais agora são usados para apostar que a China impulsionará os estímulos econômicos, o que resultaria em mais projetos de infraestrutura que utilizam o aço.
As importações de minério de ferro permanecem fortes, em alta de 4,5% em janeiro ante igual mês de 2015. Mas a produção de aço, que é o que essas importações fornecem, recuou 7,6% na mesma comparação, segundo estimativas da World Steel Association. A China foi responsável por 50% da produção global de aço no ano passado.
Analistas do Goldman Sachs afirmaram que não veem evidência de uma demanda maior que a esperada por aço nos números disponíveis.
A China representa cerca de 45% da demanda global para a maioria dos outros metais industriais. Eles também reagiram neste ano: o zinco subiu 13% e o estanho avançou 19%. O rali afeta mesmo metais cuja oferta supera significativamente a demanda, como o cobre o alumínio, que avançam ambos cerca de 7% até agora em 2016. Esse é o motivo para alguns analistas mostrarem cautela.
Diante do cenário, companhias mineradoras mantêm a produção de metais e minério de ferro. As maiores produtoras de minério de ferro – Vale, Rio Tinto, BHP Billiton e Fortescue – podem manter a oferta nos níveis atuais. Contanto que o preço do minério de ferro siga acima de US$ 50 a tonelada, essas mineradoras ainda ganhariam dinheiro. Uma combinação de estoques fortes e possível enfraquecimento da demanda levaria os preços a voltar a recuar, afirma John Kovacs, analista de commodities da Capital Economics. Segundo ele, o minério de ferro, por exemplo, deve recuar para US$ 40 a tonelada. 

Fonte: Dow Jones Newswires.

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